Exército conterá conflitos fundiários no MS após morte de índio
Redação Central, 1 set (EFE).- O governo federal autorizou nesta terça-feira o envio de tropas do Exército a quatro municípios do Mato Grosso do Sul nos quais houve conflitos por terras entre índios e fazendeiros, e em um deles Simião Vilhalva, irmão de um líder indígena, foi assassinado no último sábado.
A partir de hoje, militares reforçarão a segurança em Antônio João, Aral Moreira, Bela Vista e Ponta Porã, após pedido do governador Reinaldo Azambuja, que enviou uma carta à presidente Dilma Rousseff após o assassinato do índio da etnia guarani-kaiowá.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Simião Vilhalva foi morto a tiros por um grupo armado que tentava recuperar a terra indígena Nhanderu Marangatu, reconhecida e homologada pelo governo federal em 2005 e que tinha sido tomada pelos índios na semana passada. No entanto, a suspensão dos efeitos da homologação, seguida de uma ordem de despejo do Poder Judiciário, colocou quase mil pessoas para viver em menos de 150 dos 9.500 hectares homologados.
A Operação Dourados visa garantir a segurança na região por pelo menos 30 dias e, caso seja necessário, poderá contar com tropas da Marinha e da Aeronáutica. O governo disse ter solicitado a intervenção militar após receber informações de que o conflito na região tomou “grandes proporções”.
“A Polícia Militar, com o apoio dos órgãos de segurança do Ministério da Justiça, encontra-se em algumas dessas áreas para a proteção dos envolvidos, porém, em razão do vulto do conflito e da grande quantidade de indígenas, proprietários e funcionários, o efetivo mostra-se insuficiente para a garantia da lei e da ordem nos municípios”, disse o governador no pedido enviado à presidente.
De acordo com ele, pelo menos nove fazendas foram ocupadas por grupos indígenas. Em resposta às ocupações, os produtores rurais teriam bloqueado a rodovia MS 384, entre Antônio João e Bela Vista. De acordo com a polícia, a decisão de retirar os indígenas foi tomada durante uma reunião do Sindicato Rural em Antônio João.
A comissão do Episcopado alega que os fazendeiros usam “forças paramilitares” que operam na região de fronteira do Brasil com o Paraguai sem que sejam impedidas pelo Departamento de Operação de Fronteira (DOF). EFE
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