Exposição homenageia os cem mais cool da América
Adrià Calatayud.
Washington, 7 fev (EFE).- Uma exposição reúne a partir desta sexta-feira em Washington os retratos dos cem personagens americanos mais cool, uma contribuição para esclarecer o significado de uma expressão que quase pode ser considerada um produto de exportação americano.
“Podemos dizer que o cool é a principal exportação da cultura americana. É uma obsessão global, é o que os Estados Unidos deram ao mundo: nossos filmes, nossa música, nossa cultura popular”, disse hoje a Efe Frank Goodyear, um dos curadores da exposição.
Em “American Cool”, que estará aberta ao público na Galeria Nacional de Retratos do Instituto Smithsonian de Washington até 7 de setembro, estão Elvis Presley, Audrey Hepburn, Ernest Hemingway, Andy Warhol, Michael Jordan, Madonna, James Dean, Marlon Brando e Bruce Springsteen, e não há um só político.
Como é difícil definir o que é ser cool os curadores optaram por mostrar quem definitivamente é a partir de uma fórmula própria que contempla quatro fatores.
“Precisam ter uma visão artística original, algum tipo de transgressão geracional, um reconhecimento visual instantâneo, se um ícone a ponto de ser instantaneamente identificável e ter um legado cultural perceptível”, explicou Goodyear.
Uma amostra que traz muitos mais homens que mulheres, é incomodamente majoritária a presença de atores (Jack Nicholson, Paul Newman, Gary Cooper, John Wayne) e músicos, principalmente do jazz e do rock (Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Thelonius Monk, Lou Reed, Jimi Hendrix).
Alguns poucos escritores (como Jack Kerouac), artistas plásticos (Jackson Pollock) e atletas (Muhammad Ali), e só um empresário (Steve Jobs) e nenhum político, mas sim dois ativistas: Malcom X e Angela Davis, foram considerados cool o suficiente.
O resultado desta seleção é um repasse, com instantâneas de Robert Camada, Annie Leibovitz, Henri Cartier-Bresson ou Richard Avedon, ao que os comissários denominam “rebeldes bem-sucedidos”: pessoas que iam contra os convenções, mas que acabaram fazendo com que a corrente majoritária seguisse seus pontos de vista.
O termo cool nasceu no entorno do jazz, na década dos anos 40, e sua popularização foi atribuída ao saxofonista Lester Young, que atuava na noite e em locais fechados com óculos de sol para passar a sensação que estava em um ambiente relaxado.
No entanto, já havia gente cool antes do conceito nascer, por isso a primeira das quatro seções cronológicas de “American cool” é dedicada aos antecessores.
Eles remontam ao século XIX, quando dois escritores, Walt Whitman e Frederick Douglas, ganharam o conceito por serem, respectivamente, o primeiro boêmio americano e o criador da imagem dos afro-americanos.
Outros cool precursores foram Fred Astaire, Greta Garbo, Buster Keaton e Bessie Smith.
Dos primeiros autodenominados cool estão Young, Gillespie e Duke Ellington, contemporâneos de Humphrey Bogart e Lauren Bacall, que eram cool sem precisar dizê-lo, porque o termo durante as décadas de 40 e 50 se circunscrevia ao jazz.
Durante os anos 60 e 70, o conceito se associou a contracultura e, de acordo com Joel Dinerstein, ninguém representa o significado de cool nesta época como Bob Dylan, já que depois dele dúzias de músicos pretenderam ser os “novos Dylan”.
Nos últimos anos os aspirantes a cool tiveram que superar a ameaça da publicidade, que se apropriou do conceito para estimular o consumo. Os cool mais modernos são personagens como Prince, Kurt Cobain, Quentin Tarantino e Tony Hawk.
Claro que uma seleção dessas pode causar divergências, mas conscientes disso os curadores esperam também abrir um debate não só sobre quem é cool, mas sobre “porque este termo importa tanto”.
Por via das dúvidas, no final da mostra há uma lista com os nomes da atriz Angelina Jolie, da cantora Nina Simone, do escritor Norman Mailer, do pintor Dennis Hopper e de outras 96 pessoas que estiveram perto de estar entre os cem mais cool, mas que no final ficaram fora. Já se sabe, nunca se é cool para todos. EFE
avc/cd
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