“Demonização do contraditório aumenta em período eleitoral”
Disparar mentiras, distorções e injustiças contra pessoas ou grupos e depois acusar quem as refuta de torcedor, cabo eleitoral ou ideólogo é apenas dobrar a vigarice.
Em relação ao jornalismo noticioso e ao ensino acadêmico, por exemplo, entre defender um tratamento às ideias conservadoras equivalente ao dado às de esquerda ou centro, bem como a equivalência no trato dos políticos e grupos de cada vertente, e fazer propaganda de político ou grupo que empunhe bandeiras conservadoras vai uma distância imensa que só o analfabetismo funcional, a ignorância política, o fanatismo militante, a inveja espiritual e/ou o ciúme do espaço profissional ocupado encurtam.
Não é porque um colunista expõe e desmascara a militância contrária a um político ou grupo que endossa tudo o que eles dizem e fazem, muito menos que “fecha” com eles, para usar uma expressão corrente.
Neste sentido, a confusão não é exclusividade de um lado do espectro político. Especialmente em período eleitoral, quando as paixões se elevam, é comum ver a “decepção” de fanáticos de um político ou grupo com colunistas deste tipo que, em vez de aderirem ao movimento e aos reducionismos retóricos próprios dos adesistas, mantêm a capacidade de distinguir conceitos, discursos, práticas, históricos de votações, temperamentos pessoais e outros fatores, em prol da compreensão dos fatos e da reflexão sobre a realidade.
Este é o maior desafio de um intelectual ou jornalista de verdade nesta época de histeria e cinismo.
De resto, cabe-lhe, também, lutar até a morte contra as tentativas de calar o contraditório no debate público, seja ele de direita (como é mais comum atualmente, dadas as décadas de ocupação e predomínio esquerdista nos centros disseminadores de ideia da sociedade) ou de esquerda e centro.
Sem a menor esperança, claro, de ser compreendido por todos.
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