As escolas com partido de um partido com escolas

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 27/02/2018 10h27
Cecília Bastos/Jornal da USP Cecília Bastos/Jornal da USP A propagação do curso em outras universidades, em ação claramente coordenada, apenas confirma que essas instituições de ensino estão igualmente infiltradas de militância petista disfarçada de diretoria e corpo docente

Depois da Universidade de Brasília e da Unicamp, a Universidade Estadual da Paraíba anunciou que também oferecerá um curso sobre o “golpe de 2016” no Brasil, como “resposta” ao ministro da Educação, Mendonça Filho.

As universidades federais da Bahia e do Amazonas, UFBA e UFAM, também anunciaram a criação do curso, que ecoa a narrativa petista sobre o impeachment de Dilma Rousseff.

Na semana passada, Mendonça decidiu acionar AGU, CGU, TCU e MPF para apurar se há algum ato de improbidade administrativa e/ou prejuízo ao erário a partir da disciplina oferecida pelo Instituto de Ciência Política da UnB.

O ministro alegou que “não é uma questão de opinião”: “toda disciplina precisa ter base científica, mesmo na área de ciências sociais”.

Na quinta-feira, ele ainda rebateu no Twitter críticas de Dilma Rousseff à ação do MEC.

Mendonça afirmou que recorrer a órgãos de controle para a apuração do uso de recursos públicos é constitucional e que as acusações de “censura” são “típico esperneio petista”.

Afirmou também que o PT tem direito de defender suas teses, mas não pode usar recursos púbicos e a estrutura da UnB para propagar mentiras, manipular fatos e formar militância. Que“as universidades públicas pertencem ao povo” e “não podem ficar reféns de partidos políticos”. Que “Dilma expressa o mais puro patrimonialismo: defesa da apropriação da universidade pública para atender ao PT”.

De quebra, o ministro fez uma pergunta: “Em nome da autonomia universitária, ela [Dilma] defenderia a criação de uma disciplina intitulada ‘O PT, o petrolão e o colapso econômico do Brasil’?”

Ou, perguntamos nós, aceitaria a criação de uma disciplina intitulada “A revolução de 64”?

Claro que não. Que dirá se a reitora da universidade tivesse chegado ao cargo com apoio de adversários, como a reitora da UnB Márcia Abrahão chegou com o apoio da militância petista, conclamada a votar nela em e-mail do grupo PT Plano Piloto.

A propagação do curso em outras universidades, em ação claramente coordenada, apenas confirma que essas instituições de ensino estão igualmente infiltradas de militância petista disfarçada de diretoria e corpo docente.

São as escolas com partido de um partido com escolas.

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