Brasil acima de Bolsonaro | Felipe Moura Brasil
O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual está vinculada à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), escreveu no Twitter:
“Ou vocês confiam no Capitão Jair Bolsonaro, que teve visão e coragem para, sem recursos, enfrentar o Sistema e nos dar esperança de mudar, ou continuarão atacando-o e devolverão o Brasil à esquerda, em 2023. A Argentina está aí para provar que estou certo.”
Eu ironizei a postagem, claro, citando os jabutis sancionados pelo presidente da República – que tem poder constitucional de veto, acima de qualquer lei – e outras alegrias que ele vem dando ao “Sistema” que prometeu combater.
“Ou vocês confiam” em:
– juiz de garantias;
– relaxamento da prisão preventiva;
– limitação à delação premiada;
– aumento do fundão eleitoral para 2 bilhões de reais;
– Coaf sem Sergio Moro;
– trama para trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo;
– dupla do Centrão – os emedebistas Eduardo Gomes e Fernando Bezerra – na liderança do governo no Congresso;
– procurador-geral da República, Augusto Aras, e advogado-geral da União, André Mendonça, que endossam inquérito ilegal de Dias Toffoli contra supostas fake news;
ou o PT volta.
A pregação de apoio incondicional a um grupo político, pela estratégia da difusão do medo, é apenas um apelo à cegueira voluntária da população.
A vigilância incomoda, porque expõe erros, contradições, mentiras, imoralidades, conivências, articulações e eventualmente até ilegalidades do poder de turno e seu entorno.
Tudo que os pregadores de apoio incondicional e passadores de pano preferem que não venha à tona.
Quem pode devolver ou entregar o país a seus velhos ou futuros adversários são os governantes e governistas que incorrem nessas atitudes, jamais cidadãos e jornalistas independentes que as expõem para a sociedade.
* Felipe Moura Brasil é diretor de Jornalismo da Jovem Pan.
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