Cidadão continuará arcando com rombos nas contas deixados por corruptos
Gilmar Mendes mandou soltar mais quatro presos da Operação Câmbio, Desligo – que desbaratou a maior rede de doleiros do país, chefiada por Dario Messer -, alegando que os crimes imputados a Rony Hamoui, Paulo Sérgio Vaz de Arruda, Athos Albernaz Cordeiro e Oswaldo Prado Sanches foram praticados sem violência ou grave ameaça.
Ao repercutir ao vivo a notícia, comentei na Jovem Pan que Gilmar tentava fazer parecer que, sem violência ou grave ameaça, os crimes não são graves o bastante para render cadeia, apenas, se tanto, medidas cautelares.
O juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato no Rio de Janeiro, também reagiu nessa linha, já que, desde 15 de maio, o ministro mandou soltar 19 presos de operações como Câmbio, Desligo, Pão Nosso e Rizoma, em ordens de prisão emitidas por Bretas.
Aspas para o juiz: “Casos de corrupção e delitos relacionados não podem ser tratados como crimes menores, pois a gravidade de ilícitos penais não deve ser medida apenas sob o enfoque da violência física imediata. Os casos que envolvem corrupção de agentes públicos têm enorme potencial para atingir, com severidade, um número infinitamente maior de pessoas (…). Recursos públicos que são desviados por práticas corruptas deixam de ser utilizados em serviços públicos essenciais.”
Bretas se manifestou em ofício encaminhado ao STF sobre o habeas corpus concedido por Gilmar que libertou Orlando Diniz.
Sem mencionar que a Fecomercio patrocinou evento do instituto de Gilmar, o juiz defendeu a necessidade de prisão do ex-presidente da entidade, acusado de atuar para “desvio de vultuosas quantias” para a organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral, e afirmou estar agindo com rigor na Lava Jato do Rio, cuja “gravíssima crise financeira” é um exemplo do reflexo “desse mal” que é a corrupção.
Claro que Bretas está certo. Claro que Gilmar, porém, não dará a mínima bola para o ofício, muito menos se declarará suspeito para julgar seus camaradas.
Os pagadores de impostos brasileiros continuarão arcando com os rombos nas contas públicas deixados por corruptos e com os salários de ministros vitalícios do STF que os soltam e ressaltam, garantindo sua impunidade.
A violência é sempre contra o bolso do cidadão.
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