Efeito ilustrativo da impunidade: Boulos candidato à Presidência
Guilherme Boulos já havia conseguido a proeza de ficar com zero por cento das intenções de voto em 5 dos 9 cenários de disputa presidencial testados pelo Datafolha. Nos outros 4, o líder do MTST e pré-candidato à presidência da República pelo PSOL havia atingido a marca de 1%.
Mas o desastre eleitoral de Boulos é ainda maior do que parecia.
O Datafolha também testou as intenções de voto por preferência de partido. E entre os eleitores do próprio PSOL, Boulos chega em último lugar. Ele perde até mesmo para Jair Bolsonaro, deputado satanizado pelo partido.
No primeiro cenário, segundo O Globo, 25% dos eleitores do PSOL contaram preferir Marina Silva. Ciro Gomes ficou com 17%, Bolsonaro com 14% e Boulos com 8%.
No segundo cenário, os psolistas votariam dessa forma: 21% em Marina, 19% em Ciro, 12% em Manuela D’Ávila, 9% em Bolsonaro e novamente 8% em Boulos.
Um fenômeno, sem dúvida.
Quando sua pré-candidatura ainda estava em fase de negociação, eu comentei que ela era coerente, porque acabaria com os intermediários no PSOL.
O partido cujos integrantes ou apoiaram ou jamais condenaram o vandalismo dos Black Blocs antes da morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão, finalmente colocava na cabeça de chapa um líder de atos de vandalismo.
A Polícia Federal, aliás, vai utilizar um sistema de reconhecimento facial para identificar todas as pessoas que invadiram o triplex do Guarujá na segunda-feira.
A identidade do mandante imediato da invasão, no entanto, é conhecida e nem precisa desse recurso para ser identificada.
O líder da baderna que, durante três horas, incomodou os moradores do condomínio Solaris foi Boulos, que, em dupla confissão nas redes sociais, escreveu a frase “Ocupamos o triplex do Lula”.
Que bom que ele sabe de quem era o apartamento.
Um dos efeitos mais ilustrativos da impunidade no Brasil é que um invasor de terras seja candidato à presidência da República.
O vexame de Boulos nas pesquisas mostra, no entanto, que a população brasileira, felizmente, está disposta a punir nas urnas a delinquência que já deveria ter sido punida pelas autoridades policiais e judiciárias.
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