Felipe Moura Brasil: A militância vulgariza a vigilância da sociedade
Até anos atrás, “isentão” era uma maneira irônica de se referir na internet a jornalistas que posavam de isentos, mas distorciam os fatos a favor de seus grupos políticos ou ideológicos, como se apontava dando aspas aos textos originais e decompondo-os com argumentos lógicos e demonstrativos, não com meras associações aos grupos.
Hoje virou um rótulo disparado nas redes sociais contra analistas independentes, com credibilidade, relevância e fonte de renda definida, que não militam a favor do candidato de quem dispara, não passam o dia babando ovo de um político específico, não aderem cegamente a movimento algum e que, por todas essas razões, seja na internet ou em veículos de comunicação, falam ao grande público, não a um gueto virtual de convertidos.
A mera associação política é a imitação vulgar da demonstração lógica e argumentativa dela, assim como a chacota odienta é a imitação vulgar da ironia fina.
Os praticantes das primeiras ainda afetam superioridade em relação aos das segundas, sem se dar conta de que a afetação de superioridade é, também, a imitação vulgar da superação real.
A internet foi e continua sendo, apesar de derrubadas de páginas e banimentos fantasmas, um espaço onde o cidadão comum pode e deve vigiar tanto os profissionais da imprensa quanto os políticos e demais agentes públicos.
Mas a militância vulgariza a vigilância da sociedade, especialmente quando passa a incorrer em tudo que condena.
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