Felipe Moura Brasil: Bolsonaro manda na chapa, Haddad é pau mandado
Fernando Haddad e Jair Bolsonaro responderam no Jornal Nacional sobre as bobagens ditas por José Dirceu e general Hamilton Mourão, respectivamente.
Dirceu havia dito que “dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”.
Haddad alegou que Dirceu não participa da campanha dele, nem participará do seu governo e limitou-se a dizer que discorda da formulação dessa frase.
Sobre constar em seu plano de governo a criação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para que a Constituição seja reescrita, Haddad, em clara amenização do discurso para angariar apoio no segundo turno, alegou que sua campanha reviu esse posicionamento e que vai fazer reformas como a tributária e a bancária por meio de emenda constitucional.
Já o general Mourão havia dito que a elaboração da Constituição de 1988, por parlamentares eleitos, “foi um erro”, e defendeu que a nova Carta deveria ser criada por “grandes juristas e constitucionalistas”. “Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo.” Mourão também havia admitido que, em situação hipotética de anarquia, poderia haver um “autogolpe” por parte do presidente com apoio das Forças Armadas.
Bolsonaro disse que desautorizou Mourão nas duas ocasiões; que considerou que ele foi infeliz nas declarações, mesmo que não tenha entendido bem a segunda; que ainda falta ao general um pouco de tato, convivência com a política, mas que ele rapidamente se adequará; e reforçou seu compromisso com a democracia, dizendo que será escravo da Constituição e lembrando que, se está disputando as eleições, é porque acredita na votação popular.
Ciente de que a maior disputa do segundo turno será no Nordeste, o presidenciável do PSL ainda aproveitou a entrevista para dizer que nunca quem fez oposição ao PT teve a votação que ele teve na região e que ela só não foi maior por causa das fake news – várias delas, aliás, ditas pelo próprio Haddad em debate da Globo no primeiro turno. Bolsonaro reforçou que não vai aumentar impostos de pobres, tanto que o plano de seu economista Paulo Guedes é a isenção para quem recebe até 5.000 reais; e que vai manter o Bolsa-Família, combatendo apenas fraudes e desvios no programa para que os beneficiários possam receber ainda mais.
A diferença entre as bobagens ditas por Dirceu e Mourão é que as bobagens ditas por Dirceu ecoam no plano de governo de Haddad, segundo o qual o PT quer instituir o controle social de todos os poderes e do Ministério Público, e essas bobagens não são desautorizadas pelo poste de Lula, que no máximo “discorda” do mensaleiro; enquanto as bobagens ditas por Mourão não constam no plano de governo de Bolsonaro e são desautorizadas por ele.
Mais cedo, diante da notícia verdadeira de que, no primeiro dia de campanha no segundo turno, Haddad foi visitar o presidiário Lula na cadeia para receber orientação, Bolsonaro já havia publicado nas redes sociais: “A escolha é dos senhores. Serem governados por alguém limpo ou por um pau mandado de preso por corrupção!”
Um pau mandado que posa de amante da democracia que seu projeto de governo controlador despreza e que muda de discurso conforme a conveniência eleitoral.
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