Felipe Moura Brasil: Bolsonaro tem vantagem moral sobre Haddad
Em 8 dias, o máximo que Fernando Haddad conseguiu foi oscilar 2 pontos para cima no Ibope, em votos válidos, com Jair Bolsonaro oscilando 2 pontos para baixo. Mas Bolsonaro, com 57%, continua 14 pontos à frente de Haddad, que tem 43%.
Em menos de 5 dias, portanto, se levarmos a sério a pesquisa, Haddad precisa subir mais 7 pontos e Bolsonaro perder 7 para que o jogo empate em 50% dos votos válidos.
Ou seja: Haddad tem de crescer quase quatro vezes mais, em pouco mais da metade do tempo para vencer a disputa.
O pior para o petista é que, quando se analisa o resultado da pesquisa em votos totais, nota-se que, na verdade, Bolsonaro, agora com 50%, perdeu 2 pontos, mas cada um desses pontos perdidos migrou não para Haddad, que permaneceu com os mesmos 37%, mas para branco/nulo e não sabe/não respondeu.
Em outras palavras: Haddad só cresceu em votos válidos, quando se excluem brancos, nulos e indecisos, em razão da perda de Bolsonaro, porque voto que é bom o petista não ganhou nenhum. Cresceu apenas o número de eleitores dispostos a não escolher nem Bolsonaro nem Haddad.
Para a campanha do PSL, no entanto, a redução da vantagem e o aumento de 5 pontos da rejeição a Bolsonaro, agora em 40%, são os últimos alertas contra o clima de “já ganhou” e contra declarações impensadas ou estapafúrdias que desgastem a chapa.
Para minimizar o desgaste decorrente da declaração de quatro meses atrás, mas posta em circulação nesta semana, de seu filho Eduardo, na qual ele posa de valente contra o STF citando uma brincadeira alheia de que bastaria um cabo e um soldado para fechar a Corte, Jair Bolsonaro tomou todas as providências possíveis e necessárias.
Pediu desculpas por Eduardo, afirmou que ele errou, foi advertido, “se tiver algo para pagar, que pague” e que não é porque é seu filho que vai ficar isento. Reiterou seu compromisso com a democracia e enviou carta ao ministro Celso de Mello, garantindo que o STF é o guardião da Constituição e que todos temos de prestigiar a Corte.
Já Haddad alegou em entrevista ao jornal O Globo que não tem conhecimento que seu colega de partido Wadih Damous defendeu o fechamento do Supremo. Informado, o presidenciável do PT ficou mudo. Para um poste de Lula, sem autoridade para desautorizar um braço-direito do presidiário, nem sinceridade para criticá-lo como faz com adversários, só resta mesmo se fazer de sonso.
Haddad ainda foi questionado no Rio de Janeiro sobre sua repetida acusação de que Hamilton Mourão teria torturado Geraldo Azevedo no regime militar — desmentida pelo vice de Bolsonaro, que tinha 16 anos à época dos fatos, e pelo próprio cantor, que pediu desculpas pelo equívoco.
Haddad respondeu que havia recebido a informação de “fonte fidedigna”, Azevedo, e que uma pessoa torturada estava sujeita a esse tipo de confusão. Também afirmou que isso não mudava em nada o fato de o general elogiar a ditadura.
Pedido de desculpas por reproduzir “fake news”, a prática que tanto acusa os adversários de exercer? Zero. Nenhum.
Não é esse o comportamento que se espera de um presidente.
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