Bolsonaro precisa de um ‘efeito Trump’ | Felipe Moura Brasil
Jair Bolsonaro subiu 2 pontos no Ibope e, com 22%, a cerca de um mês do primeiro turno, agora tem 10 pontos a mais que Marina Silva e Ciro Gomes, empatados com 12.
A distância, porém, seria invertida no segundo turno, quando Bolsonaro, de acordo com o instituto, perderia para Marina por 43 a 33; e para Ciro por 44 a 33.
Isto se explicaria em razão de Bolsonaro ter a maior rejeição – 44% –, ao passo que Marina tem 26; e Ciro, 20.
Mas essa distância entre os três contrasta com o empate técnico em rejeição registrado na pesquisa XP/Ipespe, divulgada poucos dias antes e na qual os eleitores também podiam escolher mais de um nome que rejeitam.
Nela, Bolsonaro ficou com 61%, Marina 60 e Ciro 59. Embora Bolsonaro ficasse numericamente atrás nas projeções de segundo turno contra os dois, ele estava tecnicamente empatado com Marina (34 a 37) e Ciro (32 a 34).
A disparidade das pesquisas Ibope e XP nessas projeções de segundo turno mostram, para dizer generosamente o mínimo, a dificuldade de se prever um resultado distante, especialmente quando os índices de eleitores sem candidato ainda são altos, mesmo com a queda de 38 para 28% na soma de brancos, nulos e indecisos.
Sem contar que a candidatura do PT ainda não se definiu e Fernando Haddad, com quem Bolsonaro aparece em empate técnico no Ibope em segundo turno, tem apenas 6% no primeiro, empatado tecnicamente com Alvaro Dias e João Amoêdo, que têm 3.
Sabe a turma da previsão do tempo? Que não acerta nem o do dia seguinte, mas quer acertar que o mundo vai acabar daqui a 4 ou… 25 anos? Pois é. Convém desconfiar de todas as hipóteses.
Durante as primárias da eleição presidencial americana de 2016, Donald Trump também aparecia 10 pontos atrás de Hillary Clinton nas projeções da eleição geral, foi dado como derrotado – não por mim, como lembram meus leitores, mas – pela maioria dos institutos e analistas até a apuração e acabou vencendo. E nas eleições municipais do Rio de Janeiro de 2016, Flávio Bolsonaro, filho de Jair, teve o dobro dos votos no primeiro turno que o Datafolha apontava na véspera, mostrando que o efeito Trump-Bolsonaro, ou seja, o voto não exposto nas pesquisas, também pode aparecer nas urnas.
Mas dependerá, ainda, do desempenho do candidato, do desenvolvimento de uma capacidade de pregar para não convertidos, do aproveitamento de condições menos desiguais de propaganda no eventual segundo turno.
Bolsonaro segue dizendo que vencerá no primeiro. Ciro, que subiu 3 pontos, costuma dizer que “pesquisa é retrato de momento, mas a vida é filme, não retrato”. Alckmin, que não passou de 9% no Ibope, mas que, segundo o instituto, também venceria Bolsonaro, por 41 a 32, dizia que era preciso esperar o começo da propaganda na TV e no rádio. Agora que ela já começou, o ex-governador de São Paulo disse que “o que vai valer mesmo é a última semana”.
Cada um com as suas esperanças. Cada um com as suas apostas.
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