Felipe Moura Brasil: Ciro e Alckmin juntinhos com Haddad contra Bolsonaro
Fernando Haddad nem precisa atacar Jair Bolsonaro para subir nas pesquisas.
O presidenciável do PT tem Ciro Gomes e Geraldo Alckmin para fazer isso por ele.
Depois de xingar Bolsonaro de nazista filho da pu… – para não dizer o resto –, Ciro ainda disse no Rio Grande do Norte que lá no Sul do Brasil é muito forte o discurso nazista.
Agora o PT já pensa em anunciar no segundo turno que Ciro ocupará um ministério importante no eventual governo Haddad. Pintou a boquinha.
Resta saber se haveria um lugar para Alckmin.
Depois que o PSDB usou seu tempo de TV para atacar Bolsonaro como agressor de mulheres, contrário às empregadas domésticas e aos pobres, dos quais ainda pretenderia aumentar os impostos, comentei que os tucanos aplicam contra Bolsonaro a campanha do medo, como o PT fez contra o PSDB e Marina Silva em eleições passadas.
Com a diferença de que o PT tem um forte eleitorado de pouca escolaridade, que se assusta; enquanto o eleitorado antipetista que migrou do PSDB para Bolsonaro é mais escolarizado, com acesso à internet. Então afirmei no Twitter que era mais fácil a propaganda de Alckmin render votos ao PT.
Embora seja difícil cravar os motivos para a variação de pontos dos candidatos e toda pesquisa mereça desconfiança, a julgar pela do Ibope divulgada ontem, não é improvável que Alckmin tenha contribuído para o crescimento de Haddad, porque seu próprio crescimento continua irrelevante.
O tucano oscilou apenas um ponto para cima, dentro da margem de erro, atingindo 8% das intenções de voto, 3 a menos que Ciro, que tem 11%. Já Haddad cresceu 3 pontos e atingiu 22%, enquanto Bolsonaro manteve os 28% da pesquisa anterior.
Em ato de campanha no Nordeste, no domingo, Haddad havia adotado até um discurso paz e amor, dizendo: “Eu vejo os outros candidatos fazendo ataques na televisão, e a nossa campanha é só proposição, só amor, só paz, que é o que o brasileiro quer”.
Como se Lula já não tivesse chamado Bolsonaro de político grotesco que ofende mulheres e negros, não tivesse dividido o país entre “nós” e “eles”, e como se o PT não atacasse diariamente a Justiça brasileira e ameaçasse subjugá-la ao Poder Executivo para soltar Lula, Haddad fica à vontade para exercer o cinismo petista sobre a própria campanha.
Para concorrer de igual para igual com Bolsonaro, ele conta não só com o eleitorado órfão de Lula, mas também com suas linhas auxiliares pedetista e tucana.
Como disse Bolsonaro à Jovem Pan, após chamar a facada que sofreu de atentado político: “Me tirando de combate, os três próximos candidatos são todos parecidos.”
Haddad, Ciro e Alckmin não têm feito outra coisa senão dar-lhe razão.
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