Felipe Moura Brasil: Lula escancara seu cinismo à juíza Gabriela

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 15/11/2018 08h10 - Atualizado em 15/11/2018 09h02
Reprodução O cinismo de Lula está cada vez mais cômico. Melancolicamente cômico

O comportamento cínico de um criminoso, quando não consegue ludibriar o público, geralmente lhe desperta repulsa, asco, nojo.

Mas quanto mais o cinismo se afasta das meias-verdades que o sustentam e parte para a mentira, mais ele recai numa patetice que inevitavelmente desperta graça.

O cinismo de Lula está cada vez mais cômico. Melancolicamente cômico.

No começo de seu depoimento à juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, Lula já se fez de sonso sobre a própria acusação, dizendo imaginar que pesava contra ele a de ser dono do sítio de Atibaia. Gabriela então se deu ao trabalho de explicar que a acusação principal é de que ele foi beneficiário de reformas feitas no sítio por conta de José Carlos Bumlai e das empreiteiras Odebrecht e OAS.

Essas reformas, a propósito, incluíram a construção de uma casa para os seguranças da Presidência da República que atuavam na equipe de Lula, suítes na casa principal, duas áreas de depósitos para adega e quarto de empregada, sauna, conserto de vazamento da piscina e conclusão de um campo de futebol.

“Eu sou dono do sítio ou não?”, insistiu Lula, tentando desestabilizar a juíza.

“Isso é o senhor que tem que responder. Não eu. E eu não estou sendo interrogada neste momento”, reagiu ela, serena e firme.

“Quem tem que responder é quem me acusou”, disparou Lula.

“Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório e, se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”, impôs-se Gabriela.

O tom de Lula não mudou. Na falta de argumento jurídico, posou novamente de vítima de uma trama para impedi-lo de vencer a eleição.

Questionado se ocupava o quarto principal quando frequentava o sítio, já que seus pertences foram lá encontrados pela Polícia Federal, reagiu com insolência.

“Quando me davam, eu ocupava. Era uma deferência que eu recebia, tanto lá na chácara quanto no palácio da rainha da Inglaterra, no palácio da rainha da Suécia, em vários lugares que frequentei. Inclusive no Kremlin. Tive o prazer de ser convidado a dormir no Kremlin. Não sei o que o Ministério Público viu de absurdo nisso.”

Ora, é muito simples. Nem os palácios das rainhas da Inglaterra e da Suécia, nem o Kremlin foram reformados por empreiteiras beneficiadas com contratos públicos no esquema de corrupção da Petrobras durante os governos do PT.

Lula ainda foi dizer que o Ministério Público Federal deveria perguntar é para o Léo Pinheiro, da OAS, por que ele não cobrou pela reforma do sítio, ao que um membro da MPF respondeu tranquilamente que Léo Pinheiro disse que não cobrou porque fez a obra em benefício de Lula. Chama-se propina isso, só para registrar.

Questionado se perguntou a seu amigo Bumlai ou a Fernando Bittar, acusado de ser seu laranja, por que Bumlai fez ou quis pagar pelas obras, Lula respondeu:

“Nunca perguntei nem pro Bumlai, nem pra ninguém. Eu não sou daquele cidadão que entra na casa dos outros e vai abrindo a geladeira. Olha, eu respeito, o cara tem a propriedade, o cara me emprestava a propriedade, eu usava a propriedade, eu vou ficar perguntando o que você fez ou não fez? Isso não faz parte. Também nunca me falaram. Eles é que deveriam tomar a iniciativa de me falar. Como eles não tinham a obrigação de me falar, eu não tinha obrigação de perguntar. Tem um tipo de gente xereta, que entra na casa dos outros e quer perguntar quem fez aquilo, quem comprou aquilo. Eu não faço.”

É curioso o pacto de silêncio entre beneficiadores e beneficiário: eu não pergunto, vocês não me contam, e ninguém sabe de nada. Mas Lula não faz mesmo o tipo que entra na casa dos outros e vai abrindo a geladeira. Lula, na verdade, vai abrindo a adega, dormindo no quarto principal, instalando uma cozinha igual à do triplex do Guarujá, usando a piscina, a sauna, o campo de futebol, disponibilizando no lago pedalinhos gravados com os nomes dos próprios netos… essas atividades básicas.

Mas a frase do ano veio quando o ressentido Lula atacou delatores, que, segundo ele, roubam, depois fazem delação e ficam com um ou dois terços do roubo:

“Nunca foi tão fácil ser ladrão nesse país.”

Graças à Lava Jato, não é mais tão fácil assim, Lula. Por isso a tendência é você ser condenado de novo. Repita comigo:

Nunca foi tão fácil uma mulher condenar um homem nesse país.

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