Felipe Moura Brasil: Manifestações confirmam protagonismo de Bolsonaro
Quem se assustou com as manifestações “Ele Não” no sábado, voltou a ter esperança com as manifestações “Ele Sim” no domingo.
Quem teve esperança com “Ele Não”, voltou a se assustar com “Ele Sim”.
Ganhando ou perdendo, Jair Bolsonaro é o protagonista desta eleição de 2018.
Lula, apesar das derrotas de afilhados nas eleições municipais de 2016, pode até ser o maior cabo eleitoral da esfera política nacional, tamanha a transferência de seus votos para Fernando Haddad, sobretudo no Nordeste, mas Bolsonaro tem hoje o protagonismo da corrida – este que o PSDB não teve nas últimas 4 derrotas em eleições presidenciais.
Cabe ao presidenciável do PSL usar isso a seu favor para conquistar quem ficou em casa.
A turma de Bolsonaro pode até desqualificar pesquisas que mostram estagnação das intenções de voto, como a CNT/MDA, em que ele manteve os 28,2%, e Haddad, com 25,2, alcançou o empate técnico, mas elas, ainda que mereçam desconfiança, servem como o enésimo alerta de que, às vésperas do primeiro turno, com perspectiva de segundo, causar polêmicas com declarações e postagens impensadas, ou lavar roupa suja em público, é correr o risco de assustar os eleitores ainda não conquistados.
Depois de Bolsonaro simular armas nas mãos em foto ainda no hospital e dizer em entrevista “pelo que eu vejo nas ruas, eu não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição”; de general Mourão falar que as famílias desagregadas geram uma fábrica de elementos desajustados nas favelas e de chamar 13º salário de “jabuticaba brasileira”; de Paulo Guedes detalhar sua proposta de simplificação de impostos dando margem à interpretação de que pretende criar um imposto extra, como a CPMF; de Carlos Bolsonaro, filho de Jair, replicar uma imagem de tortura postada por um ativista do movimento “Ele Não” dando margem à distorção de que pregou a tortura desses ativistas; e de Janaína Paschoal, outrora cotada para vice, cobrar a presença do presidenciável convalescente em debates, alegando que “gases não podem parar um chefe de Estado!”, convém à turma de Bolsonaro ter mais cuidado na reta final, deixando a assertividade para as posições seguras que sustentaram a candidatura até aqui.
Ou seja: a de representante da mudança do atual establishment político; de linha dura contra os corruptos e demais criminosos que oprimem a população brasileira; de ficha limpa na Lava Jato; de defensor da família, dos valores morais e das liberdades individuais; e, portanto, de antagonista do lulopetismo que ludibriou e quebrou o país.
Bolsonaro tem o adversário que queria.
Poste de um presidiário condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro do petrolão, Haddad, além de ex-prefeito derrotado em primeiro turno na tentativa de reeleição em São Paulo, tendo descumprido 9 das 10 metas da área de saúde em sua gestão, segundo auditoria do Tribunal de Contas do Município, é um presidenciável denunciado por corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro, que, como se não bastasse a prisão de três tesoureiros do PT – Delúbio Soares, João Vaccari Neto e Paulo Ferreira –, ainda escolheu como o seu tesoureiro nesta campanha o denunciado Francisco Macena, alvo de inquérito da Polícia Federal por ter financiado a campanha de 2012 do próprio Haddad com dinheiro do departamento de propinas da Odebrecht.
Bolsonaro tem esta semana para turbinar ainda mais sua candidatura com o voto útil contra a volta do PT e, se avançar para eventual segundo turno, passando a dispor de 50% do tempo de TV, terá um prato cheio de escândalos petistas a explorar, podendo também se defender de todos os ataques que deu e que não deu margem para sofrer.
Não há mais tempo para errar.
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