Felipe Moura Brasil: Ou Ciro mentiu ao vivo ou não sabia mesmo que Lupi é réu
Ciro Gomes contestou em entrevista ao Jornal Nacional a informação de que o presidente do seu partido, o PDT, Carlos Lupi, é réu.
Foi no momento em que William Bonner questionou a coerência de Ciro por se dizer intransigente com a corrupção, mas anunciar que Lupi poderá ocupar o cargo que quiser em seu eventual governo.
“Lupi tem minha confiança cega”, disse Ciro, alegando não saber de denúncia alguma recebida pela Justiça envolvendo seu aliado.
A entrevista continuou, mas Bonner teve de fechar o Jornal Nacional reforçando a informação, confirmadíssima, de que Lupi é réu, sim, e citando o número do processo que inclui o presidente do PDT.
O caso está na 6ª Vara de Brasília. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Federal em 2012, aceita em 2015 e remonta à gestão de Lupi no Ministério do Trabalho, no primeiro governo de Dilma Rousseff.
De acordo com o MPF, Adair Antônio de Freitas Meira e entidades que tinham vínculos com o ministério para recebimento de verba fretaram um avião para que Lupi e outros pedetistas percorressem, em 2009, sete cidades do Maranhão.
A viagem custou 30 mil reais. O atual presidente do PDT e os demais envolvidos são acusados de ter recebido vantagem indevida – ou seja: passagem paga por terceiros, em vez de custeada pela União – em troca de contratos na pasta.
Das duas, uma: Ciro mentiu ao vivo na Globo, fingindo não saber o que sabia, ou não sabia mesmo e sua confissão de confiança cega é o próprio motivo.
No primeiro caso, o comportamento de Ciro remonta ao velho cinismo de Lula em seu bordão “eu não sabia de nada”, usado nos tempos de mensalão e petrolão.
No segundo, o comportamento de Ciro repete a vista grossa que os velhos políticos fazem para as sujeiras de seus aliados, enquanto denunciam as dos adversários.
Intransigência com a corrupção não combina com cegueira voluntária.
Não é isso que se espera de um presidente da República.
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