Felipe Moura Brasil: PSDB está pagando o preço de nunca ter virado à direita
Geraldo Alckmin passou a defender o voto útil como uma forma de chegar ao segundo turno, dizendo que “votar em Bolsonaro é eleger o PT”.
Mas em agosto do ano 2000, quando era candidato a prefeito de São Paulo, ele criticou esse expediente com a seguinte declaração:
“Falar em voto útil é ser contra a democracia, porque evita o debate de ideias e tira do eleitor o direito de comparar as propostas dos candidatos.”
O PSDB, no entanto, aposta agora que, se Fernando Haddad aparecer em segundo lugar nas pesquisas, será possível fazer, com mais eficiência, a pregação do voto útil em Alckmin, na linha de que só o tucano poderia evitar uma vitória do petista.
Acontece que Jair Bolsonaro está tecnicamente empatado com Haddad nas projeções de segundo turno, tendo aparecido numericamente atrás no Datafolha (38% a 39%) e na frente no Ibope, com diferença até maior (40% a 36%).
Ou seja: por enquanto, nem as pesquisas, se alguém aí confia nelas, cravam uma derrota de Bolsonaro para o PT, o que dificulta o marketing eleitoral de Alckmin.
Em tese, claro, não é matematicamente impossível que, se houvesse um 2º turno entre Alckmin e Haddad, o tucano vencesse, mas o fato de o PSDB ter sido derrotado nas quatro últimas eleições presidenciais para o PT em 2º turno, uma delas com o próprio Alckmin como candidato, dificulta ainda mais a disseminação da crença de que ele teria mais chances que Bolsonaro contra Haddad.
Mas o PSDB sempre dependeu de voto útil. O que teve nessas quatro últimas derrotas foi em boa parte voto útil contra o PT. Agora que há outras opções competitivas, o PSDB patina nas pesquisas porque só lhe restou o pouco eleitorado que tem.
Até o liberal João Amoêdo, presidenciável do Partido Novo, começou ofensiva contra Alckmin porque identificou enorme potencial de migração desse eleitorado tucano para sua campanha.
Diante do drama eleitoral do PSDB, Tasso Jereissati, ex-presidente do partido, listou o que chamou de um “conjunto de erros memoráveis” que os tucanos cometeram e concluiu que “fomos engolidos pela tentação do poder”.
Mas a verdade é simples: o PSDB está pagando o preço de nunca ter virado à direita.
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