Felipe Moura Brasil: STF contraria histeria anti-Bolsonaro
Vou repetir um trecho do meu comentário de 4 de setembro aqui neste programa, uma semana antes da decisão da Primeira Turma do STF sobre uma denúncia contra Jair Bolsonaro.
Abro aspas para mim mesmo: “Eu julgo inapropriada a declaração de que ‘quilombolas não servem nem para procriar’ e pesam não sei quantas arrobas. Mas não chamo opinião politicamente incorreta sobre sedentarismo de crime de racismo, como fazem analistas na imprensa e a PGR, porque não é.
Tanto que Marco Aurélio Mello e Luiz Fux votaram pela rejeição da denúncia, e Alexandre de Moraes, que pediu vista do processo, já defendeu em livro a liberdade de manifestação política e a imunidade parlamentar para além do recinto do Congresso.
Se desempatar o placar contra Bolsonaro, Moraes entrará em contradição com sua própria obra, acompanhando o voto hipócrita de Luís Roberto Barroso, que chamou Joaquim Barbosa de “negro de primeira linha”, e o endosso lacônico de Rosa Weber, sua fiel seguidora.” Fecho aspas para mim mesmo.
Ontem, 11 de setembro, ao dar seu voto, Moraes disse que, apesar “da grosseria, da vulgaridade e do desconhecimento”, não avalia que Bolsonaro “extrapolou limites da inviolabilidade parlamentar” e da “liberdade de expressão qualificada”.
Aspas para o ministro: “Não me parece que a conduta do denunciado tenha extrapolado para um discurso de ódio ou incitação ao racismo.” Fecho aspas.
Resultado: a Primeira Turma do STF rejeitou a denúncia por 3 votos a 2, como antecipei.
Infelizmente, sou obrigado a registrar esse tipo de acerto, dada a patrulha frequente e em boa parte impublicável contra uma voz independente que se atém aos fatos, em vez de fazer torcida disfarçada de análise.
Durante anos fui ridicularizado por levar a candidatura de Donald Trump a sério e atacado por tratar Bolsonaro como notícia e por expor a demonização que fazem dele, buscando reaver o sentido das palavras, dar às atitudes – mesmo que repudiáveis – o seu devido peso, e conter os ânimos.
Assim como o julgamento de ontem, a facada no candidato mostrou, e a história mostrará, quem fez jornalismo nessa época de cinismo e histeria.
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