O Estado do RJ ajuda parentes de bandidos, não de vítimas
Desempregado desde 2015, vivendo de pequenos trabalhos como autônomo, o gesseiro Fábio Antônio da Silva, de 38 anos, não tinha dinheiro para fazer o sepultamento do filho Benjamin, morto na sexta-feira com apenas 1 ano e 7 meses no Complexo do Alemão, vítima de um tiro na cabeça.
Na manhã de domingo, o pai disse ao jornal O Globo que tentaria “mobilizar a internet” para ajudá-lo e, muito revoltado, queixou-se da indiferença das autoridades.
“Meu filho morreu na sexta-feira e até agora ninguém falou nada. Ninguém me procurou. Nenhuma autoridade. Hoje meu filho vai ser enterrado e depois acabou. Fica para a história e a lembrança passa com o tempo. Vai virar mais um. Nenhum órgão público veio me procurar. É como se fosse um lixo. Meu filho só tinha 1 ano e 7 meses. Cadê a resposta? Ninguém fala nada. Acho que alguma autoridade devia procurar a família. (…) Não fui eu quem matou meu filho. (…) Foi a violência do estado do Rio que matou meu filho e eles estão quietos.”
Resultado: uma pessoa, que preferiu se manter no anonimato, acabou se oferecendo para custear as despesas do enterro; e a compra da coroa de flores foi rateada durante o velório por um grupo de amigos de infância, segundo o jornal.
O corpo de Benjamim da Silva foi sepultado na tarde de domingo no Cemitério do Maruí, no Barreto, em Niterói, com pedidos de justiça.
Relembro que, em 2015, a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) aprovou o vale-transporte para visitantes de bandidos presos.
O socialista Marcelo Freixo (PSOL), que conta com dez seguranças e hoje chora a morte de sua correligionária Marielle Franco, foi um dos deputados estaduais que votaram a favor.
Já parentes de vítimas, como Fábio Antônio, têm de tirar dinheiro do próprio bolso, ou implorar ajuda, para sepultá-las.
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