Propaganda tucana no horário eleitoral gratuito é a última esperança de Alckmin

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 24/08/2018 10h54
José Cruz/Agencia Brasil As falas de Alckmin precisam mesmo de alguém para disseminá-las, porque sua capacidade de emplacar manchetes tende a zero

Uma semana após o início oficial da propaganda eleitoral na internet, a campanha digital de Geraldo Alckmin mudou de coordenador.

A partir de hoje, o publicitário Marcelo Vitorino deixa o cargo, que passará a ser exercido pelo jornalista e consultor de comunicação digital Alexandre Inagaki.

Vitorino negou à Folha que haja crise na campanha e afirmou que a mudança já estava prevista. Segundo o publicitário, ele agora organizará a militância do PSDB e de seus aliados para combater “fake news” e disseminar falas de Alckmin.

As falas de Alckmin precisam mesmo de alguém para disseminá-las, porque sua capacidade de emplacar manchetes tende a zero.

Na noite dessa quinta-feira, os portais de notícias reiteravam apenas que Alckmin terá o maior tempo de TV e que defende ampliar a área irrigada pelo São Francisco.

Enquanto isso, na esteira da pesquisa do Datafolha segundo a qual a maioria dos brasileiros é contra a legalização do aborto, Marina Silva disse que o STF não deve legislar sobre o tema; Alvaro Dias afirmou que pretende tornar a Lava Jato uma política de Estado e prometeu isentar do imposto de renda quem recebe até 5 mil reais; Ciro Gomes disse ser favorável à criminalização do caixa dois eleitoral; e Jair Bolsonaro, o maior emplacador de manchetes desta campanha, disse que o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, deve ser jogado na latrina por ser um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil, e perguntou a uma criança se ela sabia atirar – sendo que a imprensa omitiu nas manchetes que a criança estava vestida de policial.

A impressão que se tem é que os jornalistas cobrem a campanha de Alckmin para cumprir tabela, ou seja: só para manter no noticiário a cobertura de todas as campanhas, já que nenhuma frase ou proposta impactantes sobre temas de comoção nacional ganham espaço por si e ele parece não ter aprendido a usar atos locais de campanha para nacionalizar o discurso.

Como Alckmin não passou de 7% no Ibope e 9 no Datafolha e também perde de goleada para Bolsonaro nas redes sociais, a propaganda tucana no horário eleitoral gratuito que começa em 1º de setembro é a última esperança, a última aposta do ex-governador de São Paulo.

Mas, se ela for tão técnica e insossa quanto vem sendo sua campanha, o maior tempo de todos os presidenciáveis despertará apenas o maior sono dos eleitores.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.