Ferguson tem protestos violentos após decisão judicial a favor de policial
Redação Central, 25 nov (EFE).- Pelo menos 29 pessoas foram detidas e várias armas de fogo apreendidas após os tiroteios, saques e incêndios ocorridos na madrugada desta terça-feira em Ferguson, em protestos pela decisão judicial de não acusar o policial branco que matou um jovem negro nessa cidade do Missouri.
A decisão do júri de não acusar, por falta de provas, o agente branco Darren Wilson por ter disparado e matado em 9 de agosto o jovem negro Michael Brown terminou em violentos distúrbios, enquanto outras grandes cidades americanas se solidarizaram com protestos pacíficos.
Em uma improvisada entrevista coletiva, o chefe local de polícia, Jon Belmar, disse hoje que os distúrbios foram ainda mais graves do que os ocorridos em agosto, embora não haja informações sobre mortos, segundo o site do jornal local “St. Louis Post-Dispatch”.
“Não ficou nada” entre as avenidas de Florissant oeste e Solway com a estrada Chambers. Estou francamente desolado”, acrescentou Berlmar ao descrever o palco dos protestos.
Belmar explicou que ele e o capitão da patrulha de polícia estadual Ron Johnson tiveram sorte de não ser alcançados, dada a intensidade dos disparos em alguns dos locais que visitaram durante a noite.
O chefe de polícia indicou que escutou pelo menos 150 disparos e admitiu que os oficiais evitaram situar agentes nos bloqueios de estradas pela intensidade do fogo.
Dois carros-patrulha foram incendiados, segundo a apuração provisória de danos realizada pelo jornal local, que acrescenta que vários negócios também foram queimados, assim como 12 carros de uma concessionária.
A loja de um posto de gasolina próxima também foi queimada, acrescentou o jornal.
Por volta das 2h local (5h, em Brasília), cinco ônibus com reservistas da Guarda Nacional chegaram ao local onde os enfrentamentos eram mais intensos.
Mais tarde, a polícia local informou através de sua conta em Twitter que a avenida principal tinha sido reaberta para trânsito.
Por sua vez, o governador do Missouri, Jay Nixon, divulgou um comunicado no qual anunciou um aumento do policiamento para controlar os saques e distúrbios.
Os veículos e edifícios em chamas, com comércios saqueados e enfrentamentos entre manifestantes são um novo episódio da onda de distúrbios raciais que começou em agosto em Ferguson, após a morte de Brown.
Estas cidade, em Saint Louis, estava desde na semana passada sob máximo alerta, com o FBI e a Guarda Nacional preparados para intervir se os protestos convocados terminassem em graves distúrbios.
A explosão da violência era precisamente o cenário que os parentes de Brown tinham pedido para evitar e que, apesar de estar “profundamente decepcionados” pela decisão judicial, disseram em comunicado que “responder à violência com violência não é a resposta”.
Os protestos não ficaram somente em Ferguson e se estenderam a Nova York, Chicago, Los Angeles, Washington DC, Oakland e outras grandes cidades do país, com um tom fundamentalmente pacífico, salvo alguns incidentes isolados.
Na capital, mais de 300 pessoas pediram “justiça” diante da Casa Branca, enquanto a polícia ativou protocolos especiais por temor de distúrbios.
Após escutar a versão de 60 testemunhas, o júri decidiu que não existe “causa provável” para acusar o agente, que em 9 de agosto disparou em repetidas ocasiões contra o jovem de 18 anos, desarmado, em circunstâncias sem esclarecimentos.
Se condenado, Wilson poderia ter uma pena de 4 anos de prisão por homicídio involuntário ou até prisão perpétua ou pena de morte por assassinato em primeiro grau. EFE
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