Festa do Imigrante completa 19ª edição celebrando culturas que formaram SP

  • Por Agencia EFE
  • 21/07/2014 17h01

Isadora Camargo.

São Paulo, 20 jul (EFE).- Sotaques, sabores, sons e partituras de 40 países se fundiram em São Paulo para homenagear os imigrantes que durante séculos ajudaram a construir a história da capital paulista, e são homenageados em uma festa que termina no próximo domingo.

O aroma das massas italianas, dos nachos mexicanos, do yakissoba chinês e do quibe sírio estão entre as muitas atrações da 19ª edição da Festa do Imigrante de São Paulo, cidade conhecida por sua personalidade cosmopolita e por sua grande diversidade cultural.

“A festa nasceu do desejo das pessoas de compartilhar o patrimônio imaterial de suas nações, seus saberes. Existe uma mistura de fluxos passados e contemporâneos, desde os italianos que chegaram no final do século XIX até os bolivianos e africanos que vivem hoje em São Paulo”, explicou à Agência Efe Marília Bonas, presidente executiva do Museu do Imigrante, onde a festa é realizada.

O evento, que já é uma tradição na capital paulista, tem o objetivo de resgatar a história desses 2,5 milhões de imigrantes, procedentes sobretudo de Europa e Ásia, que passaram no século XIX pela antiga hospedaria Brás, hoje transformada no Museu do Imigrante.

Ao longo desse período e nas décadas posteriores, portugueses, japoneses, italianos, espanhóis, ucranianos e latino-americanos chegaram ao centro financeiro do país, onde deixaram gerações de descendentes que eternizam e misturam os costumes de seus antecessores com a realidade brasileira.

“São Paulo é um grande e forte destino de imigração por ter atrativos como o trabalho e grupos culturais diversos. Há um panorama de fluxo migratório constante”, comentou Bonas.

A espanhola Matilde Blat, de 75 anos, deixou a Espanha com sua família em plena ditadura franquista e cruzou o Atlântico até chegar ao Brasil, onde fixou raízes há quase 60 anos.

“Não só divulgo a gastronomia, mas também a cultura do meu país no Brasil, onde estou desde 1955. Aprendi a adaptar minha paelha ao gosto brasileiro, mas a essência é espanhola, é o orgulho da minha família”, explicou.

Representando a América Latina, o filho de bolivianos Carlos Soto foi até a festa para oferecer aos visitantes as famosas saltenhas, um pastel assado típico da Bolívia.

“É ótimo poder misturar cultura e romper com os estereótipos. Por exemplo, quem não conhece a Bolívia pensa em um território pobre, de tráfico de drogas… mas não conhece seus sabores, o folclore e, por isso, aproveitamos para apresentá-lo nesta festa”, disse Soto.

O colombiano András Gusman, que cruzou a fronteira há dois anos, destacou a “abertura pluricultural” da Festa do Imigrante, onde “os brasileiros e pessoas de outras nacionalidades podem conhecer coisas especiais de outros países”.

De acordo com a presidente do Museu do Imigrante, a recente reabertura do centro – que esteve quatro anos em reforma – permite recuperar o patrimônio histórico das nacionalidades que aqui chegaram, as quais marcaram um ponto de inflexão na mudança socioeconômica do país.

Os organizadores da Festa do Imigrante esperam reunir cerca de 20 mil pessoas no total, as quais terão acesso a 43 expositores de alimentação, 41 grupos musicais e 31 artesãos. EFE

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