Filme portorriquenho “As Vacas com Óculos” aborda crise do diálogo familiar

Daniel Muñoz

São Paulo, 28 out (EFE).- A falta de comunicação entre pais e filhos, que pode levar a longos desencontros sem sentido, é o tema abordado pelo filme portorriquenho “As Vacas com Óculos”, que é exibido na 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, evento que termina na quarta-feira.

O filme de Alex Santiago Pérez, filmado em San Juan, capital de Porto Rico, conta a história de um pintor e professor universitário que está ficando cego e tem uma péssima relação com a filha.

Apesar da história ter peculiaridades locais da ilha caribenha, o diretor afirmou, em entrevista à Agência Efe, que “As Vacas com Óculos é um filme universal”.

Segundo Pérez, devido ao formato sem movimentos de câmera e cortes de cena, o que forma uma característica lenta e trabalhosa, o filme terá contato com um público bem específico.

“Não acho que se identifiquem, pode haver uma decepção. Os filmes são como sorvete. O sorvete de pistache é muito bom, mas ninguém pede, todos pedem o de chocolate. Mas se provarem o de pistache talvez gostem”, disse.

O filme se baseia na má relação entre o pai e a filha que, segundo o diretor, poderia ter sido evitada com a prática do diálogo.

“Eu acho que queria deixar explícito no filme a falta de comunicação porque se tivessem conversado antes não teriam chegado a esse ponto de conflito. As pessoas não se comunicam e, ao invés disso, se separam”, afirmou.

Interpretado pelo ator Daniel Lugo, o protagonista do filme é um professor e pintor amargurado por saber que perderá a visão em breve. O longa também aborda o olhar sobre Porto Rico e a relação do país com os Estados Unidos.

“Porto Rico é um país de terceiro mundo e o problema é que não tem consciência disso, acha que são os Estados Unidos. Em uma cena, a criança do filme fala sobre países de terceiro mundo e cita a República Dominicana. É um país muito conservador e que se projeta como primeiro mundo”, respondeu. EFE