Final de agosto nos EUA: 2005 foi o Katrina e 2017, Harvey
Final de agosto é maldito na costa do golfo do México. Em 2005, foi o furacão Katrina. Em 2017, Harvey. Nova Orleans x Houston. Entre os dois monstros que atacaram as duas cidades e vastas áreas na região, existe uma devida comparação e devo as informações abaixo ao New York Times.
Antes do Katrina, Nova Orleans era uma exuberante e peculiar cidade com tantas culturas, mas pequena, 455 mil habitantes. Abaixo do nível do mar, achou que estava protegida com seus diques. Errou no cálculo. Nunca se recuperou do golpe Katrina. Hoje tem menos de 400 mil habitantes.
Já Houston é uma vasta cidade com 2,3 milhões de habitantes. Não está abaixo do nível do mar, mas é vulnerável e não se protegeu como deveria ter feito. Para quem tiver paciência, este texto explica o perigo que há muito tempo ronda a cidade.
Katrina bateu em terra perto da fronteira entre Lousiana e Mississippi como furacão na categoria 3, mas o impacto foi devastador, a pior tempestade na história americana, causando quase duas mil mortes e 100 bilhões de dólares em prejuízos.
Harvey chegou na categoria 4 e foi rapidamente rebaixado, mas teima em permanecer na região. O impacto obviamente ainda não pode ser medido, mas Harvey já é associado a adjetivos como “épico” e expressões como “sem precedentes”. Ao contrário de Katrina, o maior estrago causado por Harvey são as chuvas.
A remoção obrigatória de moradores de Nova Orleans foi anunciada um dia antes da chegada da tempestade. Cerca de 100 mil pessoas permaneceram ilhadas na cidade. Algumas semanas mais tarde, ocorreu outra caótica remoção em Houston com o furacão Rita. Mais de 100 pessoas morreram, tentando escapar da tormenta.
O prefeito de Houston agora com Harvey decidiu não ordenar a remoção, conforme recomendação do governador do Texas, temendo a repetição do caos que aconteceu com o furacão Rita. No entanto, com a persistência das chuvas, outras cidades nas imediações de Houston exortam os moradores a partir.
Katrina realçou temas como raça, pobreza e fiasco na resposta governamental (federal, estadual e municipal). O rompimento dos diques foi uma falha de engenharia imperdoável.
No caso de Harvey, deve se tornar mais afiado o debate sobre o preço que Houston está pagando pela expansão imobiliária irrefreável sem apropriada proteção contra enchentes. E sem dúvida outro debate deve envolver o impacto de mudanças climáticas e a mãozinha humana em desastres naturais.
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