Guantánamo, a prisão eterna

  • Por Agencia EFE
  • 10/12/2014 06h29
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Raquel Godos.

Washington, 10 dez (EFE).- Longe de ser uma resposta concreta ao terrorismo internacional, o Campo de Detenção da Baía de Guantánamo começou como prisão feita de remendos e jaulas, que, reutilizadas de um antigo campo de retenção de balseiros cubanos, serviam como celas e se tornou o presídio de segurança máxima mais conhecido do mundo.

A prisão da Baía de Guantánamo, situada a apenas 1.000 km de Havana, tem agora seis presos a menos, que, apesar de nunca terem sido sequer indiciados, permaneceram detidos por um longo período. Eles viverão, a partir de agora, na qualidade de refugiados no Uruguai.

Desde janeiro de 2002, quando, após os atentados terroristas ocorridos no dia 11 de setembro, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, iniciou a Guerra ao Terror, 779 presos passaram pelas dependências de Guantánamo.

O chamado Campo Raio X, onde os primeiros detentos foram instalados, era composto por celas de apenas 1,5 metro quadrado, ligadas umas às outras, e continha uma nesga de telhado precário, que tinha o objetivo de proporcionar alguma sombra.

Embora tenha sido utilizado por apenas alguns meses, neste período, os presos precisavam fazer suas necessidades naquelas condições, sem nenhuma privacidade, além de serem submetidos às altas temperaturas do Caribe em condições sub-humanas, passando seus dias nos habitáculos dos quais saíam apenas para serem interrogados.

Atualmente essas unidades ainda permanecem de pé, intactas, em função do andamento das investigações feitas pelos órgãos de inteligência dos EUA, sobre as possíveis práticas de tortura realizadas no local, além do controle das associações comunitárias e internacionais de direitos humanos.

Hoje, a maior parte dos presos está separada entre os Campos V e VI, dois complexos que foram construídos dentro de um maior, denominado Delta, nos quais os detentos desfrutam de regalias maiores ou menores, dependendo de seu comportamento.

Uma das formas de protesto contra as condições locais dos presidiários foram sucessivas greves de fome, decisão que tem como consequência o confinamento em celas individuais, sem a possibilidade de interação com outros detentos, além de acesso reduzido às atividades de recreação.

No entanto, de acordo com os militares que dirigem o Campo de Detenção, os presidiários que apresentam bom comportamento, podem comer em um salão comunitário, solicitar livros, filmes e outros programas audiovisuais, assim como participar de cursos de artesanato e idiomas.

O Campo VII abriga os presos acusados de fazerem parte da elaboração de atentados terroristas, tanto de 11 de setembro quanto de outros, e a imprensa não tem acesso a esta unidade de segurança máxima, que fica localizada em uma parte secreta da Baía.

Com a transferência destes seis presos para o Uruguai, o número total de detentos que permanece nas instalações foi para 136, dos quais 67 já receberam aprovação para serem transferidos e 59 têm seus casos em processo de análise. Apenas 10, das quase 800 pessoas citadas, estão sendo processadas.

Uma das principais reivindicações e promessas feitas na campanha presidencial de Barack Obama em 2008 foi o fechamento definitivo da prisão, no entanto, a dois anos do encerramento de seu segundo mandato, ainda há mais de 100 presos no local.

A maioria do Partido Republicano se opõe ao fechamento da prisão de Guantánamo, entre outras razões, por não admitirem a ideia de terroristas sendo julgados e levados para prisões em solo americano.

As transferências como as desta semana têm acontecido com mais frequência nos últimos meses. Estas, embora esparsas, mostram a existência da possibilidade de esta prisão, que já parece eterna, fechar as portas. EFE

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