Há 25 anos uma pergunta mudou a TV americana: “Quem matou Laura Palmer?”

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2015 10h34
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Fernando Mexía.

Los Angeles (EUA), 8 abr (EFE).- A série cult “Twin Peaks” completa nesta quarta-feira 25 anos de sua estreia nos Estados Unidos, um quarto de século em que continuou a influenciar a forma de fazer televisão apesar de ter sido um programa de vida curta que teve mais fama do que audiência.

Este aniversário coincide com a notícia de seu retorno com novos capítulos em 2016 pela emissora “Showtime”, apesar de nos últimos dias terem surgido dúvidas sobre como acontecerá este retorno.

“Twin Peaks” estreou em 8 de abril de 1990 nos EUA, um domingo à noite, na “ABC”, emissora que arriscou ao apostar nesse drama criminal com tinturas de telenovela criado por David Lynch e Mark Frost, e foi um sucesso.

O duplo episódio piloto, que apresentou o misterioso caso do assassinato da adolescente Laura Palmer em uma cidadezinha aparentemente exemplar do estado de Washington, atraiu 33% dos espectadores. Depois a “ABC” transferiu a série para a quinta-feira, noite nobre da TV americana, para disputar a audiência com a joia da coroa da “NBC”, o seriado “Cheers”.

“Twin Peaks” nunca chegou a ofuscar “Cheers”, apesar de uma acirrada concorrência durante algumas semanas. Enquanto a crítica fora e dentro dos Estados Unidos a aclamava, o índice de audiência do programa caía.

Já em 28 de abril daquele ano o jornal “The New York Times” questionava o futuro do série. Somente quatro episódios haviam sido exibidos e em Hollywood se dizia que “Twin Peaks” era exigente demais com o espectador porque era muito simples perder o fio da meada se não se acompanhasse todos os episódios. A série não dava tempo para respirar.

Também não ajudou a mudança na grade orquestrada pela “ABC”, que novamente optou por realocar “Twin Peaks” para buscar o espectador perdido. O final da primeira temporada foi exibido em uma quarta-feira, 23 de maio, e a audiência melhorou, apesar de não ter chegado aos níveis iniciais.

Na primeira temporada, a misteriosa morte de Palmer, interpretada pela atriz Sheryl Lee, atiça uma cidade em que seus residentes escondem, sob uma aparência de normalidade, uma série de segredos inconfessáveis.

O caso acaba sendo tomado pelo FBI, através do agente especial Dale Cooper (Kyle MacLachlan), por meio de quem o espectador descobrirá um cenário grotesco, gótico e sobrenatural em uma narrativa novelesca que terminará ao responder à icônica pergunta “quem matou Laura Palmer?”.

“Twin Peaks” foi renovada para uma segunda temporada na qual, contra a vontade de Lynch e de Frost, a identidade do assassino foi revelada no sétimo episódio, o que não ajudou em nada a manter o interesse do público.

Faltando seis episódios para o final, a “ABC” optou por cancelar a série – que agora era exibida aos sábados – de sua programação até novo aviso e foi a pressão dos fãs, instigados por um pedido de ajuda de Lynch para salvar “Twin Peaks”, que fez a emissora voltar atrás.

Os fãs formaram um comitê (Citizens Opposing the Offing of Peaks, COOP) para lutar pela continuidade da série e organizaram manifestações. Mesmo assim a “ABC” cancelou “Twin Peaks”, que exibiu o último episódio em 10 de junho de 1991.

A série, com sua inconfundível trilha sonora, recebeu 18 indicações ao Emmy em suas duas temporadas, e foi eleita melhor drama no Globo de Ouro em 1991.

No ano seguinte, Lynch e Frost reviveram Laura Palmer no cinema com o prequel “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” e nos anos seguintes as reprises, as edições em DVD e blu-ray, ajudaram a manter vivo o interesse dos fãs.

“Twin Peaks”, com sua mistura de gêneros e sua narrativa onírica, marcaria um estilo que ficaria patente em sucessos posteriores como “Arquivo X”, “Os Sopranos”, “Lost”, e as recentes “American Horror Story” e a britânica “Broadchurch” e pode ser considerada um produto à frente de seu tempo.

A série enfrentou problemas de programação que seriam resolvidos hoje com os sistemas de streaming.

Um progresso tecnológico que a tornou uma candidata ideal para ressuscitar no século XXI como um produto da televisão a cabo, com um formato fechado de nove capítulos.

O “Showtime” anunciou seu lançamento para 2016 sob a tutela de Lynch e Frost, mas no último domingo Lynch anunciou em sua conta no Twitter sua saída do projeto por desacordos econômicos com a companhia.

Já o canal tentou manter a expectativas dos fãs. “Mantemos a esperança de poder ressuscitar a série em toda sua glória, com seus dois extraordinários criadores”, disse o “Showtime” em comunicado. EFE

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