Hollande reúne estado maior do governo para estudar venda de Alstom

  • Por Agencia EFE
  • 27/04/2014 17h18
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Paris, 27 abr (EFE).- O presidente da França, François Hollande, reuniu neste domingo o estado maior do governo para analisar a situação do grupo industrial francês Alstom, cuja compra é disputada por seus principais concorrentes, a americana General Electric e a alemã Siemens.

A Alstom declarou em comunicado após reunião do conselho de administração que “continua e aprofundará sua reflexão estratégica” e informará o mercado antes de quarta-feira, data em que sua cotação na bolsa de Paris ficará suspensa.

Hollande convocou no Palácio do Eliseu o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e as titulares de Economia e Indústria, Arnaud Montebourg, e de Ecologia e Energia, Ségolène Royal.

Horas antes, Montebourg tinha suspendido “sine die” uma reunião prevista para esta tarde com o presidente de General Electric (GE), Jeffrey Immelt, para estudar alternativas à absorção de Alstom por um grupo americano, como a oferta que a Siemens oficializou hoje.

“General Electric e Alstom têm seu calendário, que é o dos acionistas, mas o governo tem o seu, que é o da soberania econômica. Por isso queremos ter o tempo necessário para examinar seriamente outras proposições”, declarou Montebourg em comunicado.

O governo francês não esconde a preferência para que a Alstom se associe a um grupo da União Europeia (UE) e Hollande chegou a defender “um Airbus da energia”, em referência ao gigante da aeronáutica e da defesa, que tem no conjunto de acionistas França, Alemanha e, em menor medida, Espanha e outros parceiros.

A Siemens tem a preferência do governo francês no futuro da Alstom, um dos grupos emblemáticos da indústria francesa, dedicado à energia e a fabricação de infraestruturas ferroviárias, trens de alta velocidade, e que já precisou ser resgatada pelo Estado em 2004.

A oferta da empresa alemã, declarou Montebourg, passa por “criar dois campeões europeus e mundiais nos setores de energia e de transporte, um em torno da Siemens e o outro em torno da Alstom”.

Como a Alstom opera em setores estratégicos, como a energia nuclear, a operação precisa da autorização do Estado francês.

Montebourg ressaltou que será “particularmente firme em suas exigências de manutenção e criação de empregos, investimento e pesquisa e desenvolvimento na França, assim como na manutenção dos centros de decisão no país”.

“É preciso lembrar que a Alstom vive principalmente das encomendas públicas e do apoio do Estado à exportação”, acrescentou.

Na quinta-feira vazou que a General Electric apresentaria uma oferta pela Alstom cifrada em 13 bilhões pelo conjunto do grupo, o que representava 25% a mais que seu preço de mercado antes da notícia.

Outras fontes disseram que a proposta afeta só as atividades energéticas da firma francesa e não as de transporte.

A Alstom, fundada em 1928, emprega na França 18 mil pessoas e 93 no total no mundo, e tem um faturamento de US$ 20 bilhões.

É um dos fabricantes ferroviários mais importantes do mundo e equipou desde o metrô de Nova York, de Santiago do Chile e de Caracas até as redes de bondes de Barcelona ou Dublin.

Mas atravessa dificuldades financeiras e nos últimos três anos perdeu 39% do valor na bolsa, e na última meia década 43%.

A tentativa de compra do gigante francês por um grupo estrangeiro chega depois de outros grupos franceses terem unido forças com empresas de fora da UE nos últimos meses, como a fusão da cimenteira Lafarge com a suíça Holcim, a da Publicis com a americana Omnicom e a entrada do grupo chinês Dongfeng ao capital de PSA Peugeot Citröen. EFE

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