Incêndio no Porto de Santos reduziu exportações agrícolas em 4,3%, diz Cepea
Cleyton Vilarino.
São Paulo, 21 mai (EFE).- O incêndio que durante nove dias em abril atingiu um depósito de combustíveis no Porto de Santos, o maior do país, provocou uma redução de 4,3% no volume das exportações agrícolas, indica estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).
O atraso nos embarques afetou especialmente as exportações de soja, etanol, açúcar, celulose e carnes suína, bovina e de frango. No balanço mensal, foi registrada uma queda de 17,5% das exportações agrícolas em relação a abril de 2014.
“No caso da soja, que foi a que mais sofreu em abril, a quantidade exportada sem esse incidente teria sido maior e só em maio voltará a ser retomado esse volume”, afirmou à Agencia Efe a pesquisadora do Cepea Andrea Adami.
De acordo com o Cepea, o volume de soja embarcado apresentou em abril uma redução de 23,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Para a pesquisadora, se só a quantidade do produto que deixou de sair do país fosse contabilizada, o total exportado teria se mantido como positivo na mesma comparação.
“Na análise que tínhamos até março, o volume estava um pouco positivo, mas sem previsão de cair tanto”, afirmou a pesquisadora, que confia que a desvalorização do real frente ao dólar deixará o grão brasileiro mais competitivo no mercado.
O secretário-geral da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho, explicou que a venda ao exterior de produtos derivados da oleaginosa ficou “retido” com o incêndio e isso pode pressionar a alta das exportações em maio, um mês “tradicionalmente forte” para a soja.
“Não podemos dizer que houve prejuízos, mas sim um atraso na entrada de divisas para o país”, ressaltou Trigueirinho, acrescentando outros fatores que prejudicaram a produção de soja, como a redução do preço no mercado internacional.
“Essa queda de preços realmente se concretizou no mercado internacional em virtude de uma oferta bem maior. Além disso, a colheita dos Estados Unidos foi muito boa”, afirmou.
“Apesar de tudo isso, somado a um mês de atraso, eu não diria que esta é uma perda definitiva porque nós vamos nos recuperar. É mais um assunto de fluxo de caixa que atrasou”, acrescentou.
No entanto, o valor da soja foi compensado com um dólar forte no mercado cambial brasileiro, que cotado acima de acima de R$ 3 – cerca de 20% de apreciação desde início do ano -, gerou mais rentabilidade ao produtor, ressaltou a pesquisadora do Cepea.
Com mais competitividade graças ao câmbio, destacou o analista, “deve se elevar um pouco as quantidades embarcadas ao exterior, mantendo a agroindústria atrativa” e permitindo a recuperação depois do incêndio do principal terminal portuário do país. EFE
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