Irã e EUA adiam início de negociações nucleares para segunda-feira

  • Por Agencia EFE
  • 15/03/2015 19h50
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Isabel Saco

Lausanne (Suíça), 15 mar (EFE).- Irã e Estados Unidos decidiram adiar para segunda-feira o início das negociações bilaterais sobre o programa nuclear iraniano devido ao atraso da delegação americana em chegar à cidade de Lausanne, na Suíça, segundo fontes iranianas.

Esta nova rodada de negociações abre um período decisivo, que pode durar até duas semanas, e que no fim esclarecerá se o processo diplomático está no caminho certo ou fadado ao fracasso.

O representante do Irã nas negociações, o ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, chegou nesta manhã à Suíça. O secretário de Estado americano, John Kerry, aterrissou em Genebra às 18h45 locais (14h45 de Brasília), de onde seguiu diretamente para Lausanne, a cerca de 70 quilômetros de distância.

Kerry e Zarif tinham marcado uma reunião para a noite deste domingo, mas o iraniano propôs ao primeiro iniciar a rodada na segunda-feira, pela manhã, antes de viajar a Bruxelas.

Na capital belga, Zarif deve se reunir com a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, e os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França e Alemanha.

Kerry chega à reunião em circunstâncias politicamente difíceis após a forte pressão da ala republicana do Congresso americano para impedir que seja feito um acordo que resolva o impasse nuclear com o Irã.

O líder republicano do Senado, Mitch McConnell, disse hoje, enquanto Kerry viajava para a Suíça, que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estava a ponto de fechar um acordo “muito ruim” com o Irã e que o Congresso terá que dizer algo a respeito, o que contradiz a posição do Executivo americano.

A declaração foi seguida pela apresentação de uma proposta legal para que Obama tenha 60 dias para analisar qualquer acordo com o Irã antes de sua implementação.

Na mesma lógica de interromper as negociações nucleares, cerca de 50 congressistas do Partido Republicano enviaram há alguns dias uma carta aos dirigentes iranianos afirmando que qualquer acordo feito duraria apenas até o fim do mandato de Obama.

A Administração de Obama repetiu, através de declarações públicas de Kerry e de outros altos funcionários, que não caberá ao Congresso se pronunciar sobre um acordo entre os poderes executivos de dois Estados.

Antes de viajar à Suíça, o secretário de Estado moderou as expectativas e disse que ainda não houve um acordo, mas reconheceu que é possível alcançá-lo. Segundo a porta-voz do órgão, Jen Psaki, “as próximas duas semanas serão importantes, vitais, um momento de decisões”.

À parte dessas negociações, a agenda de Kerry está livre até o dia 24, quando estará de volta a Washington para a visita do presidente do Afeganistão. A partir de então, a agenda de negociações nucleares é flexível e “serão feitas quantas pausas forem necessárias”, segundo fontes americanas.

Um entendimento entre Teerã e Washington permitirá um acordo político global entre Irã e o grupo de seis potências com as quais negocia, que além dos EUA são França, Reino Unido, Rússia e China (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança), mais a Alemanha.

Um dos aspectos mais questionados do acordo e sobre o qual os países se opõem é que sua validade será de dez anos, durante os quais o programa iraniano será fortemente restringido e submetido a exigentes processos de verificação e vigilância.

Depois desse prazo, o programa iraniano seria tratado como o de qualquer outro Estado do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Outro elemento essencial é que as atividades nucleares do Irã permanecerão em um nível que garanta que a produção de material físsil (urânio enriquecido ou plutônio) demoraria pelo menos um ano.

Nesse prazo e com o descumprimento do acordo que isso significaria, a comunidade internacional poderia tomar diferentes medidas. EFE

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