Irã e Grupo 5+1 abrem fase decisiva de sua negociação nuclear

  • Por Agencia EFE
  • 13/05/2014 17h32

Luis Lidón.

Viena, 13 mai (EFE).- O Irã e as seis potências mundiais do Grupo 5+1 começam amanhã, quarta-feira, em Viena a encaixar as peças de um complicado quebra-cabeças diplomático com a redação de uma minuta de acordo que garanta que a República Islâmica não obterá armas nucleares.

“Amanhã começamos a redigir a minuta”, assegurou hoje perante a imprensa na capital austríaca uma fonte diplomática dos Estados Unidos, que pediu anonimato.

A fonte, ciente do estado das negociações, não escondeu que existem ainda “lacunas grandes” para alcançar um acordo completo, mas confiou que podem ser superadas, embora tenha ressaltado que será uma tarefa “muito complicada”.

“Que comecemos a redigir a minuta não significa que um acordo seja iminente ou que possamos sequer conseguir um”, advertiu.

“Não sabemos se o Irã será capaz de tomar as difíceis decisões que deve para garantir ao mundo que não vai obter uma arma nuclear e que seu programa é totalmente pacífico”, acrescentou a fonte

Além disso, alertou para o que qualificou como um “excesso de otimismo” na imprensa perante os avanços conseguidos e pediu cautela devido às enormes dificuldades do processo.

Por sua parte, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, também destacou hoje o importante momento ao que se chegou nas negociações.

“Estamos em um momento sensível porque vamos negociar após várias rodadas (de contato) que foram majoritariamente uma tempestade de ideias na qual várias partes apresentaram suas opiniões”, declarou hoje em sua chegada a Viena.

Zarif manteve nesta noite um encontro informal com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que representa nesta negociação China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, o grupo conhecido como 5+1.

Embora hoje já tenham acontecido alguns contatos diplomáticos, as sessões plenárias com representantes de todos os países envolvidos começarão amanhã e se prolongarão, previsivelmente, até sexta-feira.

“Viemos aqui com o mandato de chegar a um acordo”, disse Zarif ao reconhecer que “vai ser um processo difícil, um processo que requer muito cuidado e muitas discussões e redações”.

O ministro iraniano lembrou que, após a cúpula desta semana, haverá ainda outras duas para tentar ter o acordo pronto em 20 de julho, a data marcada no roteiro estipulado pelo Irã e as grandes potências em novembro de 2013, embora não tenha descartado que o processo possa prolongar-se além desse dia.

Trata-se da quarta rodada de contatos neste ano para fechar um acordo que tem um duplo objetivo: acabar com uma década longa de dúvidas sobre se o Irã buscar ter armas atômicas e possibilitar que a República Islâmica tenha acesso à energia e tecnologia nuclear com fins pacíficos.

Para conseguir um pacto existem vários empecilhos importantes, como o futuro do reator de água pesada de Arak, no leste do Irã, que uma vez em funcionamento poderá gerar plutônio, algo que o Ocidente teme que possa ser utilizado como combustível para armas nucleares.

O Irã se mostrou aberto a remodelar a usina para reduzir em 20% sua produção de plutônio.

Outro aspecto é o acesso dos inspetores internacionais à base militar de Parchín, onde a agência nuclear da ONU suspeita que no passado se produziram experimentos relacionados com o desenvolvimento de explosivos necessários para uma detonação nuclear.

Embora o Irã tenha negado o acesso alegando que é uma instalação militar que nada tem a ver com o programa atômico do país, nas últimas datas as autoridades mostraram uma maior flexibilidade a respeito. EFE

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