Irã e Grupo 5+1 chegam a príncipio de acordo sobre sanções, afirma “CNN”
Viena, 4 jul (EFE).- Fontes diplomáticas ocidentais revelaram neste sábado à emissora americana “CNN” que o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França, mais Alemanha) e o Irã chegaram a um princípio de acordo sobre a suspensão das sanções internacionais impostas devido ao programa nuclear do país.
Com a data limite do dia 7 de julho cada vez mais próxima, o assunto é um dos mais complicados para as partes chegarem a um pacto equilibrado, que impeça a República Islâmica de desenvolver armas atômicas, mas permita o uso da energia nuclear para fins civis.
O Irã quer que as sanções sejam eliminadas de forma imediata assim que o acordo for fechado, enquanto o Grupo 5+1 defende uma suspensão progressiva conforme seja comprovado que o país está cumprindo com as normas estipuladas pelo pacto.
A solução encontrada seria um sistema para reativar as sanções caso sejam detectadas graves violações por parte do Irã.
Esse anúncio foi, como em outras ocasiões, qualificado pelas fontes como uma tentativa e revelado com a advertência de que ainda há muito trabalho a fazer, além de necessitar do sinal verde dos responsáveis políticos envolvidos na negociação.
Os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França, Reino Unido e, possivelmente, da Rússia, devem retornar amanhã a Viena. Eles unirão à chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, ao chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, e ao secretário de Estado dos EUA, John Terry.
O retorno dos principais negociadores à capital austríaca deve servir para dar o impulso político final ao trabalho dos técnicos e especialistas que estão redigindo o documento do acordo. Segundo várias fontes, o pacto terá 80 páginas, 60 delas de anexos técnicos.
Em uma mensagem de vídeo divulgada ontem, Zarif afirmou que o pacto está “mais perto do que nunca”, mas alertou que as grandes potências devem “escolher entre o acordo e coação”.
O avanço mais concreto de hoje, quando se completa uma semana dessa rodada de negociação em Viena, veio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tenta há dez anos esclarecer se o Irã tentou – e ainda tenta – fabricar armas nucleares.
“Com a cooperação do Irã, acho que podemos emitir um relatório até o fim do ano com uma análise que esclareça os assuntos relacionados com possíveis dimensões militares do programa nuclear do país”, afirmou o diretor da AIEA, Yukiya Amano.
Apesar das imprecisões do anúncio, Amano nunca tinha sido tão específico sobre quando o órgão poderia ter uma resposta definitiva se o programa iraniano é pacífico, como garante Teerã, ou se tem objetivos militares, como temem os EUA e as outras potências.
Até o momento, a AIEA disse sempre que para poder chegar a conclusões é necessário a plena colaboração do Irã, o que inclui fornecer documentação, dar acesso a instalações, inclusive militares, e permitir que os inspetores internacionais entrevistem cientistas nucleares do país.
Estabelecer uma data para esse relatório pode significar que o Irã flexibilizou a postura quanto às exigências, o que seria um avanço também para o acordo, já que as inspeções às instalações nucleares iranianas são outro dos empecilhos entre as partes.
Até o momento, Irã se negou a permitir o acesso a bases militares nas quais se suspeita houve experimentos nucleares, alegando questões de segurança nuclear. EFE
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