Irã e Grupo 5+1 fecham rodada de negociação nuclear com “grandes diferenças”

  • Por Agencia EFE
  • 27/09/2014 00h36

Nova York, 26 set (EFE).- O Irã e as potências do Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) fecharam nesta sexta-feira uma semana de negociações em Nova York com “grandes diferenças” e sem chegar a um “entendimento nos assuntos principais”, mas com o objetivo de conseguir um acordo antes de 24 de novembro.

“Não viemos aqui esta noite para anunciar que chegamos a um acordo”, disse uma fonte diplomática americana aos jornalistas ao término da última reunião entre EUA, a União Europeia (UE) e o Irã.

“Não temos um entendimento nos assuntos principais, mas temos entendimento em algumas outras coisas (…). As diferenças ainda são grandes”, acrescentou a fonte, que pediu anonimato.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reuniu hoje durante cerca de duas horas com seu colega iraniano, Mohamad Yavad Zarif, e com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

Foi seu segundo encontro trilateral em menos de 24 horas, depois do desta quinta-feira também em Nova York, que durou cerca de uma hora.

“Todo mundo tem que tomar decisões difíceis. O Irã sente que somos nós os que devemos tomá-las e nós achamos que eles têm que tomar decisões críticas”, explicou a fonte.

As conversas técnicas, entre especialistas, continuarão neste sábado, mas as negociações políticas que começaram no último dia 17 terminaram e o próximo passo é “voltar às capitais e consultar” sobre o conversado em Nova York, acrescentou.

“Todos temos todas as peças sobre a mesa, em algum momento as peças terão que se encaixar”, sustentou.

Ainda não há uma data programada para a próxima rodada de negociações, mas os Estados Unidos acreditam que se produzirá “em curto prazo”, completou.

A fonte advertiu que os Estados Unidos serão firmes em sua posição de aceitar apenas um acordo que implique “um programa de enriquecimento (de urânio) muito limitado, com objetivos pacíficos, que esteja altamente supervisado durante um tempo substancial” e resolva as preocupações sobre “instalações” como Fordo e Natanz.

“Poderia ocorrer que nossa negociação cubra 98% dos temas e que esse 2% seja tão crítico para cumprir nossos objetivos, que não tenhamos acordo”, assinalou.

A fonte desmentiu as notícias que mencionavam que uma reunião ministerial entre o 5+1 e o Irã prevista para esta sexta-feira em Nova York foi cancelada porque não havia avanços suficientes para justificá-la.

“Nada foi cancelado”, garantiu, salientando que Ashton simplesmente tinha pedido aos ministros de cada país para informar-lhe de quando estariam em Nova York, mas nunca chegou a programar o encontro.

Durante três encontros ao longo da semana, Kerry e Zarif falaram sobre a ameaça do Estado Islâmico (EI), mas “não foram conversas extensas” porque os EUA “não coordenam com o Irã em sua luta contra o EI”, ressaltou a fonte.

Em novembro do ano passado, as duas partes chegaram a um pré-acordo para impulsionar o diálogo que deveria finalizar no prazo máximo de um ano com um pacto definitivo para acabar com mais de uma década de enfrentamentos e sanções internacionais devido ao polêmico programa nuclear iraniano.

Enquanto os Estados Unidos e alguns de seus parceiros acreditam que o Irã pretende desenvolver capacidades militares, Teerã insiste que só procura um uso civil da energia nuclear. EFE

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