Irã reage a discurso de Obama: “EUA compraram o que já tinham”

  • Por Agencia EFE
  • 06/08/2015 05h58

Teerã, 6 ago (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif afirmou nesta quinta-feira que o acordo nuclear entre seu país e as potências do Grupo 5+1 serviu aos Estados Unidos para comprar algo “que já tinham”: a rejeição absoluta da República Islâmica a desenvolver armas nucleares.

Em uma nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores iraniano em resposta ao discurso que o presidente dos EUA, Barack Obama, deu ontem na American University de Washington sobre o pacto nuclear, Zarif pediu a Washington que deixe de lado “o jogo da culpa” e aproveite a “excepcional oportunidade” para “corrigir o passado”.

Zarif rejeitou a afirmação de Obama de que o acordo nuclear com o Irã é o que obrigará o país a não desenvolver armas atômicas e que sem ele a única opção era “algum tipo de guerra”, ao considerar que disse isso “para apaziguar os críticos internos e os sionistas”.

“O Irã nunca buscou uma arma nuclear nem tem intenção de fazê-lo no futuro. Afirmar que o acordo de Viena fechou o caminho do Irã a uma bomba atômica é como comprar de novo o que já tinha sido adquirido”, comentou o ministro.

Além disso, Zarif pediu aos EUA que reconheçam que “não ganharam nada com suas políticas equivocadas em relação ao Irã das últimas décadas” e que aproveitem “o novo caminho que nos últimos dois anos, apesar de muitos altos e baixos e desvios, proporcionou grandes conquistas para todos os amantes da paz”.

“O que causou insegurança, extremismo e terrorismo em nossa região foram as mal concebidas ações das administrações americanas e seus aliados, particularmente o regime sionista.(…) A atual Administração dos EUA admitiu isto várias vezes, mas ainda tentam evitar estes fatos históricos com o jogo da culpa”, ponderou o ministro.

Em seu discurso na American University, Obama alertou ao Congresso dos EUA, onde se encontram os maiores inimigos do acordo, que rejeitar o acordo nuclear com o Irã seria o pior erro desde a invasão do Iraque e causaria “outra guerra” no Oriente Médio.

“Se o Congresso matar este acordo, perderemos mais que as restrições desse pacto nuclear ou as sanções que construímos cuidadosamente. Perderemos algo mais prezado: a credibilidade dos Estados Unidos como líder da diplomacia”, argumentou Obama.

Para entrar em vigor, o acordo alcançado em Viena no dia 14 de julho entre Irã e EUA, França, China, Rússia, Reino Unido e Alemanha deve ser aprovado pelo Congresso dos EUA, assim como pelos parlamentos dos demais países signatários do pacto.

Os legisladores só poderiam anular a participação dos EUA no acordo se uma maioria de dois terços em ambas câmaras do Congresso votar nesse sentido, algo que invalidaria o veto que Obama prometeu impor a qualquer legislação contra o pacto. EFE

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