Iranianos mostram paixão por leitura em maior feira de livros da Ásia

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 15h27

Álvaro Mellizo.

Teerã, 7 mai (EFE).- A 28ª edição da Feira Internacional do Livro de Teerã (TIBF), a maior deste tipo em toda a Ásia, coloca em evidência o enorme gosto dos iranianos pelos livros e ressalta a leitura como forma de a sociedade iraniana “dialogar com o mundo” e como sustento de sua “diplomacia cultural”.

“Os livros, ler e escrever, são meios reais para a diplomacia e a interação com outras nações, e podem ajudar a resolver conflitos regionais e internacionais”, afirmou na inauguração do evento, ontem, o presidente iraniano, Hassan Rohani, em uma defesa apaixonada do tema da edição deste ano: “Leitura – um diálogo com o mundo”.

Mais de 2.800 editoras, em sua maioria do Irã, mas também de outros 65 países, participam de um evento que pretende reunir nos próximos nove dias mais de 3 milhões de visitantes, que participarão do maior evento cultural que o Irã realiza anualmente.

No entanto, apesar da presença do Omã como país convidado e da de vários representantes estrangeiros e estandes dedicados à literatura de diversas nações, o mais importante da feira são os leitores iranianos, ávidos por conhecer os quase 500 mil títulos de todos os tipos.

Ainda com estandes a serem montados, os primeiros visitantes, fundamentalmente jovens estudantes, começaram a encher a feira, localizada em enormes salões do Centro de Orações Aiatolá Khomeini.

“Quem vem a esta feira encontra qualquer livro. É cansativo, mas não é preciso ir de livraria em livraria para procurar. Além do mais, tem muitos descontos. As pessoas esperam o ano todo para vir”, disse à Agência Efe Mohamad, um jovem estudante universitário.

Hahmed, outro estudante, comentou que um dos fatos mais interessantes do evento é a possibilidade de comprar livros em línguas estrangeiras ou traduzidos ao farsi, cuja disponibilidade depende geralmente da censura que é aplicada na República Islâmica. Esta censura costuma ser dura para a produção ou tradução em línguas locais, mas muito mais relaxada no tocante as línguas estrangeiras, particularmente à literatura.

“Pouca gente compra na língua original. Agora, por exemplo, a moda são os romances de fantasia, e neste ano há livros melhores porque há permissão para trazê-los”, explicou Hahmed.

Nos infinitos corredores da feira, é possível encontrar sem dificuldade livros como “Cinquenta Tons de Cinza” e “Game of Thrones”, com temáticas de sexo, corrupção política e traição que convivem bem ao lado de coleções completas do líder supremo iraniano e ex-presidente Ali Khamenei.

Este espinhoso assunto da censura também foi abordado por Rohani na inauguração. Ele ressaltou que, embora seja verdade que “os autores e editores” devam ter uma “atmosfera segura e livre” para trabalhar, “não podem abrir as portas para que qualquer superstição ou comentário extremo esteja disponível para os jovens”.

De qualquer forma, apesar destes problemas, a indústria editorial iraniana parece estar em boa forma, com 72 mil obras publicadas todos os anos, disse à Agência Efe o diretor da feira, Seyed Abbas Salehi. EFE

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