Joseval Peixoto: A história do Brasil tem grande débito com a população negra
Hoje é um feriado que exalta Zumbi dos Palmares e a consciência negra. Instituído pela lei 12519, em 10 de novembro de 2011, a lei é bastante singela.
Tem apenas dois artigos. E não precisava mais. Seu artigo primeiro define tudo: “é instituído o dia nacional de Zumbi e da consciência negra, a ser comemorado anualmente no dia 20 de novembro. Data de falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares”.
Zumbi foi o último líder do quilombo dos Palmares, localizado no Estado de Alagoas, durante o período colonial. Foi assassinado pelo capitão Furtado de Mendonça, a mando de Domingos Jorge Velho.
A luta de Zumbi foi pela manutenção do quilombo, que era temido pelos colonizadores, que consideravam um perigo aquele agrupamento de escravos libertos. Isto é Zumbi, mas a data vai muito além do fato histórico.
Hoje é, na verdade, o dia em que se debate o racismo, a igualdade social, a religião, a cultura afro, mas principalmente a inclusão do negro na sociedade brasileira, que com sangue, suor e lágrimas ajudou a construir.
A história de nosso país tem um grande débito com o sofrimento que impôs à população negra, ao tempo da escravidão.
O maior poeta simbolista do país, Cruz e Souza, retratou esse sofrimento, num soneto que eterniza essa dor.
“Vida obscura.
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro.
Oh ser humilde, entre os humildes seres.
Embriagado, tonto de prazeres.
O mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste num silêncio escuro.
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro
Ninguém te viu o sentimento inquieto
Magoado, oculto e aterrador. Secreto.
Que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu que te segui os passos
Sei que cruz infernal pendeu-te os braços.
E o teu suspiro, como foi profundo.”
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.