Joseval Peixoto: A política de centro cansou
Para comemorar seus 175 anos de existência, The Economist – uma das mais importantes publicações do mundo – em longo editorial, fez esta semana uma crítica pesada ao liberalismo moderno.
O liberalismo construiu o mundo moderno, mas o mundo moderno se volta contra ele, diz a revista.
Europa e Estados Unidos estão sob a ameaça de uma revolução popular contra as elites liberais, que são vistas como aproveitadoras e incapazes de resolver os problemas das pessoas comuns.
É uma estranha rebelião, porque foi esse conceito de amor à liberdade, de respeito às leis e ao livre comércio que atacou a miséria universal, aumentou a expectativa de vida do homem que era de apenas 30 anos em 1840, mais que quintuplicou o índice de alfabetização dos povos e aniquilou o fascismo, o comunismo e o autoritarismo nos últimos dois séculos.
Essa tendência, hoje, está em reversão.
O índice dos americanos que receberiam bem um governo militar cresceu de 7 % em 1995 para 18%, no ano passado.
China e Rússia parecem demonstrar que os regimes de força estão assumindo com sucesso o poder no mundo.
Na primeira eleição da Alemanha reunificada, em 1990, os partidos tradicionais tiveram 80% dos votos. As últimas pesquisas dão a eles apenas 45% e mostram que 41,5% dos eleitores preferem a extrema direita, a extrema esquerda e os verdes.
Por tudo isso, a revista exorta: é o momento, pois, de uma reinvenção liberal.
Parece que essa crônica do 175º aniversário do The Economist serve para o quadro atual do nosso Brasil.
Fora desse conceito filosófico do liberalismo, aqui o que há é uma revolta do povo contra a classe política – velhas raposas que há décadas se apropriaram do poder e assaltaram vergonhosamente os cofres da república, sem nenhum pudor.
Segundo as últimas pesquisas, o eleitorado está buscando os extremos. Esquerda ou direita. Haddad-Lula ou Bolsonaro. A política de centro, dominada por essa oligarquia, cansou.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.