Joseval Peixoto: Baluartes da cultura jurídica criticam estrutura da Justiça brasileira
Em solenidade realizada na Faculdade de Direito para comemorar os 30 anos da Constituição, dois baluartes da cultura jurídica do país fizeram pesadas críticas à estrutura da Justiça brasileira.
O primeiro deles foi Eros Grau, professor da casa e ex-ministro do STF, ao afirmar que a Corte se tornou um órgão monocrático, assinalando que mais de 50% dos 26,5 mil julgamentos realizados no ano passado foram decididos por um só juiz. “O Supremo é um órgão colegiado”, disse.
Quem recorre a ele tem direito a ser julgado pelo plenário, e isso não ocorre.
Quem bate às suas portas fica dependendo do subjetivismo e das oscilações de humor de um só magistrado.
Em outra palestra, Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, se colocou contra a proposta do General Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, de escrever uma nova Constituição sem a formação de uma Constituinte.
Tirar o povo do processo de formação do texto, com a ideia de construí-la apenas pelos notáveis da república é uma coisa de elite. O exemplo da história é trágico.
A Constituição de Weimar, acabou no nazismo. Jobim conhece Constituição. Participou da elaboração da de 88, dirigindo o setor de formação do judiciário e foi o responsável pela elevação do poder do Ministério Público.
Hoje os promotores são responsáveis pela defesa da ordem jurídica, da democracia e dos interesses sociais e individuais e têm as mesmas garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, como os juízes.
Jobim não chegou a citar o nome do general Mourão. Também não chegou a fazer pergunta que aniquila a tese do general, na sua constituição de elite: Quem escolherá os notáveis?
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