Joseval Peixoto: Bolsonaro está afinado com a voz das ruas, mas será que vai dar certo?
O presidente eleito Jair Bolsonaro continua com as costas viradas para os partidos políticos do país, mantendo a promessa de campanha que não faria negociatas para conquistar a maioria do parlamento.
É uma tese. Mas o risco de governar com uma tese, excluindo o velho sistema de manter sintonia com o legislativo pode levar a um choque perigoso, na governabilidade do país.
O professor Miguel Reale, em entrevista concedida ao Jornal da Manhã, já chamava atenção para o fato de o alto-comando da República perder a representatividade.
O presidente saiu vencedor, com um partido pequeno que é o seu e sem tempo de televisão. Teve ao seu lado uma força de poder atômico, composto pelas redes sociais.
O discurso fascinou o eleitorado, que o elevou ao poder. Porém, ao se isolar no Alvorada, sem o apoio dos partidos, fecha as portas para a representação das instituições da República. E o parlamento é a maior delas.
Uma simples vista d’olhos na lista dos eleitos, estampa a exclusão partidária, proposital, imposta pelo presidente.
Onyx Lorenzoni da Casa Civil; Sergio Moro, da Justiça; Paulo Guedes, da Economia; Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia; Gustavo Bebianno, na Secretaria da Presidência; André Luiz Mendonça, da AGU. Todos integram a lista de escolha pessoal do presidente.
Há ainda indicações de militares e outro do filósofo Olavo de Carvalho. O presidente do Banco Central é escolha de Paulo Guedes.
Não há, pois, o diálogo com os partidos na escolha de ministros e assessores de alto escalão.
O chamado presidencialismo de coalizão acabou. O presidente está absolutamente afinado com a voz das ruas, mas será que vai dar certo? Ou haverá uma retaliação do parlamento?
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