Joseval Peixoto: Bolsonaro parece acreditar que a mobilização virtual é a fiel expressão da democracia
Editorial do jornal O Estado de S. Paulo chama a atenção para uma tese muito perigosa que está tomando conta do debate social no Brasil: o perigo da democracia direta.
Já tocamos nesses assunto algumas vezes aqui, alertando os que pretendiam governar com plebiscito, alijando o parlamento do debate político. Isso é uma falácia. Porque nas ditaduras, quem comanda os plebiscitos são os slogans. O povo segue os slogans. E quem tem o domínio da comunicação é o ditador.
Mesmo nas democracias, dentro do regime de absoluta liberdade, isso pode ser facilmente observado. Quem chamou a atenção para isso foi o filósofo canadense Marshall McLuhan: “o poder da mensagem”. A mensagem vale por si mesma, independentemente do conteúdo.
O exemplo está na calça jeans azul. Foi uma febre universal. Todo mundo usou. O povo segue o slogan como a boiada segue o berrante, na sua longa caminhada.
E o jornal chama a atenção que democracia é representação, e o parlamento tem que ser ouvido, porque ali estão as várias doutrinas da sociedade, para a diversidade do debate.
A fonte do poder é o povo. Não é a internet. Ora, o submundo da internet é onde ressoam as notícias falsas, mentiras de toda sorte e onde o diálogo com as instituições é inexistente.
Bolsonaro parece acreditar que a mobilização virtual é a fiel expressão da democracia. Quer excluir o debate.
No cenário da posse, a ministra Rosa Weber chamou a atenção ao dizer que maioria e minoria, como protagonistas relevantes do processo decisório, hão de conviver sob a égide dos mecanismos constitucionais destinados à promoção do amplo debate.
E concluiu: “a democracia, não nos esqueçamos, repele a noção autoritária do pensamento único”.
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