Joseval Peixoto: Caminhada de Bolsonaro é longa – e nada fácil
O presidente eleito Jair Bolsonaro está se saindo muito bem nos seus primeiros passos para a formação do seu governo.
Aliás, para sermos justos, está indo muito além das expectativas, se considerarmos que, ainda a pouco, era um discreto deputado no baixo clero do parlamento.
Sua extraordinária vitória na eleição, sem coligação partidária, sem dinheiro, com poucos segundos de TV e paralisado dentro de um hospital na reta final da campanha, demonstrou a toda nação que é um homem determinado.
Como sabemos, conseguiu o feito inimaginável de reconstruir a credibilidade do povo no político e na ação política, depois da devastação que os governos anteriores provocaram na moralidade pública e nos cofres da nação.
Bolsonaro teve até a humildade, ainda esta semana, de declarar que não entende nada de economia e, por isso, deu ampla liberdade a Paulo Guedes. Na indicação de Sergio Moro acertou na mosca. O grande drama da república era a corrupção.
E “era” é o tempo certo do verbo. Com Moro, a festa acabou.
Todavia, a caminhada é muito longa. Agora é governar. Com os milhões de desempregados, o ajuste das contas públicas, o acerto do deficit, a quase impagável dívida do governo, as privatizações, a redução do tamanho do Estado, o drama da previdência, o custo Brasil, e, pois, a competitividade internacional de nossos empresários, os juros, o dólar e, no fim do túnel, o imponderável destino da economia global, tangida pelo descaminho da Europa, as desavenças do mundo árabe, e a guerra aberta entre China e os Estados Unidos, pelo domínio do mercado mundial.
O Brasil não tem controle sobre os desentendimentos internacionais. E aqui, Bolsonaro já andou tropeçando. O Egito reagiu, suspendendo a visita do ministro Aloysio Nunes Ferreira, em razão de sua posição pró-Israel.
Além de seus ditadores históricos, o mundo moderno anda perigoso demais para um governante que tenha uma visão unilateral das questões universais.
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