Joseval Peixoto: Com oito segundos de TV, mas presença nas redes sociais, Bolsonaro vai ganhando
Não haverá debate. Nem mesmo o da Globo, que sempre fecha a campanha eleitoral. Com 18 pontos à frente de Haddad (59 a 41% dos votos válidos), Bolsonaro vai debater para que, a apenas dez dias para a eleição?
Além disso, o capitão, com uma vida absolutamente limpa na caserna, acha que não precisa se elevar aos grandes temas nacionais. Muito menos as distensões globais, que afligem o mundo moderno.
Na Jovem Pan, logo que a campanha começou, se expressou até com certa humildade ao tocar em economia. Confessou seu completo desconhecimento do assunto, afirmando, para espanto dos jornalistas que o entrevistavam, que seu entendimento não ia além dos porquinhos criados no sítio de seu avô.
Bolsonaro tem as redes sociais a seu lado. A internet se mostrou o maior fenômeno na comunicação da vida moderna. São milhões de pessoas que se comunicam de forma direta, sem censura ou restrição.
Além disso, nos monossílabos, Bolsonaro é imbatível.
Haddad se ofereceu para o diálogo com ele, ainda que fosse numa enfermaria e ele respondeu: “Senhor Andrade, quem conversa com poste é bêbado!”.
O americano Marshall McLuhan, tido como um filósofo da comunicação, ensinou que o meio é a mensagem. Não importa o conteúdo do texto. O que vale é a mensagem. O poder da mensagem.
Com oito segundos de TV, mas milhares de inserções na internet, Bolsonaro vai ganhando o jogo, com seus monossílabos e sua ausência na TV.
Visitando o quartel do batalhão de operações especiais do RJ, soltou o grito de guerra da corporação: “Caveira”. Só essa exclamação vale mais que meia dúzia de debates na televisão.
Não. Não vai haver debate.
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