Joseval Peixoto: O mundo perdeu Tito Madi
O mundo perdeu Tito Madi. Faleceu anteontem a 89 anos e já está sepultado no Rio de Janeiro.
Era paulista de Pirajuí e afirma a internet que foi um artista brasileiro de relativo sucesso, nos anos de 1950 e 1960.
É injusto. Além de cantor, músico e revolucionário da pré-bossa nova, Tito Madi foi um poeta. Cantou a solidão e a tristeza. Cantor da bossa e da fossa. Com sua partida, foi o verso que morreu.
Outro dia, ouvi de Sabá – grande músico integrante do famoso conjunto Zimbo Trio – uma dura confissão: a música acabou.
Sabá era um homem da noite e a noite foi tomada pelos batuques e pelo ritmo febril dos jovens. Eram composições que dispensavam a melodia e sabá restou desempregado.
Tito Madi era o verso das rimas ricas – composições que sonorizam o verbo com os substantivos e os pronomes. Eu te suplico não destruas – tantas coisas que são tuas – por um mal que já paguei.
Era às vezes profundo: Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos. E os seus braços o meu ninho – no silêncio do depois. E você tem que ser a estrela derradeira. Minha amiga e companheira – no infinito de nós dois.
Era uma voz lamento – Tristeza não tem fim. Felicidade sim.
Inspiração de uma época que, com ele, também se foi. Autor de Menina Moça, Cansei de Ilusões, Balanço Zona Sul, Felicidade, Apelo e Chove Lá Fora, sucessop dos The Platers, com o título “It’s raining outside”.
O Rio, ontem, foi se despedir da última estrofe do samba-canção. Tito Madi se foi.
Tira de mim esse olhar de tristeza. Tristeza não fica bem no teu olhar.
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