Kerry cobra pressão da China para Coreia do Norte abandonar programa nuclear

  • Por Agencia EFE
  • 14/02/2014 13h02

Antonio Broto

Pequim, 14 fev (EFE).- O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta sexta-feira em Pequim aos líderes comunistas que aumentem a pressão na vizinha e aliada Coreia do Norte para que abandone seu programa nuclear, mas também que busque soluções pacíficas e de diálogo em seus conflitos marítimos com o Japão e Filipinas.

Kerry, que chegou hoje a Pequim para uma visita oficial de dois dias, se reuniu com o presidente da China, Xi Jinping, e com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, e falou sobre o problema nuclear norte-coreano e as tensões marítimas nos mares da China oriental e meridional.

Na questão norte-coreana, Kerry afirmou que pediu aos líderes comunistas que usem “todas as ferramentas em suas mãos e todos seus meios de comunicação de persuasão” com a Coreia do Norte para conseguir que o regime de Kim Jong-un dê “passos concretos, reais e irreversíveis atrás de uma desnuclearização verificável”.

O secretário americano assegurou em entrevista coletiva posterior às reuniões que os líderes chineses “não puderam ser mais claros em reiterar que estão comprometidos” em conseguir a desnuclearização norte-coreana.

As pressões renovadas dos EUA à China na questão norte-coreana se produzem em uma semana de distensão entre as duas Coreias, que realizaram seu primeiro acordo de alto nível em sete anos e alcançaram vários acordos, como o de retomar os encontros de famílias separadas após a guerra que ocorreu há 60 anos.

“A China apoia que as duas partes melhorem suas relações através do diálogo e da negociação. Esperamos ver resultados tangíveis das conversas e que ambos considerem todas as possibilidades para reduzir as tensões na península”, assinalou a porta-voz de Relações Exteriores chinesa, Hua Chunying.

Nas tensões marítimas da China com seus vizinhos, em torno de arquipélagos do Mar da China Oriental (em disputa com o Japão) e o Mar da China Meridional (Pequim contra Hanói, Manila e outros Governos), Kerry pediu calma e diálogo ao regime comunista.

“A China e as nações do sudeste asiático devem trabalhar na negociação de um código de conduta que ajude a aliviar tensões, e enquanto isso, é importante que todos construam ferramentas de gestão de crise que evitem a tomada de medidas de coação”, assinalou o diplomata americano.

Os EUA deram em anos passados apoio verbal a países como as Filipinas e Japão em suas disputas territoriais com a China, mas a princípios de 2014 deu um giro nesta política ao criticar o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por visitar um santuário que homenageia criminosos da Segunda Guerra Mundial, acusando-o de causar tensões desnecessárias na região com esse gesto.

Kerry se mostrou cauteloso na hora de assumir uma posição em tensões regionais que, perante a estratégia de Washington de virar sua política externa ao Pacífico e intervir mais na região, não interessa que derivem em conflitos armados.

“É importante resolver estas diferenças de forma pacífica, sem confronto, de uma maneira que respeite as leis do mar e o Estado de Direito, por isso que pedimos a todas as partes, não só à China, que trabalhem juntas e evitem toda provocação”, assinalou.

Neste ponto, seu colega chinês Wang Yi assegurou no encontro bilateral de hoje que Pequim procura uma resolução pacífica das disputas vizinhos, mas afirmou que os EUA “devem respeitar os interesses soberanos da China” nos mares que a banham.

“Ninguém pode fazer com que se oscilam a determinação da China por proteger sua soberania e integridade territorial”, assinalou em declarações citadas pela agência oficial “Xinhua” o chefe da diplomacia do regime comunista, um regime que anteriormente criticou os EUA por intervir nestes assuntos regionais.

Kerry também destacou que em suas reuniões com Xi e Wang tratou questões como o Irã, Síria ou os direitos humanos, expressando a preocupação de Washington por recentes detenções de ativistas chineses defensores de reformas políticas assim como pela situação humanitária em regiões como o Tibete ou Xinjiang.

A viagem de Kerry à China, que depois viajará para Indonésia e Emirados Árabes, se produz semanas antes da viagem asiática do presidente americano, Barack Obama, que em abril visitará Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Malásia. EFE

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