Parabéns, empreendedores e inovadores, por terem criado vacinas em tempo recorde
Estamos tão acostumados a problematizar, a denunciar o mau comportamento alheio, que nos esquecemos de valorizar e comemorar as conquistas humanas; as vacinas contra o coronavírus dão oportunidade para isso
A vacina da varíola, a doença mais mortal da história, levou 2.000 anos para ser criada – a primeira surgiu em 1795, mas campanhas de vacinação em massa só aconteceram na década de 1950. A vacina da febre amarela demorou mais de 500 anos; a da influenza, mais de 30; a da poliomielite, mais de um século. A imunização contra a hepatite B, um exemplo de rapidez nunca antes vista, surgiu quatro anos depois da descoberta do vírus que causava a doença. No ano passado, especialistas e palpiteiros (muitas vezes a mesma pessoa nos dois papéis) se deixaram levar pelo alarmismo e previram a vacina contra o coronavírus somente em 2022. Dá para entender o erro da previsão: nem os mais otimistas acreditavam que conseguiríamos em tão pouco tempo vencer a burocracia e ser capazes de imunizar a maior parte da população.
Estamos tão acostumados hoje a problematizar, a denunciar o mau comportamento alheio, que nos esquecemos de valorizar e comemorar as conquistas humanas. As vacinas contra o coronavírus dão oportunidade para isso. Precisamos louvar esse enorme feito da humanidade e valorizar o que o tornou possível: a liberdade de inovar e empreender, o direito de lucrar resolvendo problemas dos outros e, principalmente, a divisão do trabalho (ou seja, a especialização e o comércio). Muita gente da esquerda está festejando o SUS, o Instituto Butantan e a Fiocruz como nossos salvadores. De fato, houve um belo investimento público nas vacinas – mas esse investimento não traria resultados sem a iniciativa livre, sem o conhecimento descentralizado e disperso, sem a competição entre empresas. Sinovac, Pfizer, AstraZeneca, Moderna, Biontech não são ONGs, não são institutos sem fins lucrativos. São empresas que têm como objetivo número 0001 dar lucro a seus acionistas, imersas num sistema que premia os melhores. E, por isso mesmo, correram para criar a vacina.
A história da BioNTech merece destaque. Foi criada por Ugur Sahin e Özlem Türeci, um casal de imigrantes turcos na Alemanha. Sahir, que chegou à Alemanha aos 4 anos e era filho de operários de uma fábrica da Ford, se especializou no tratamento de câncer por biotecnologia. Sua empresa não tinha lançado nenhum produto no mercado até ele ouvir notícias sobre a epidemia na China e perceber que poderia, em poucos dias, pela tecnologia do RNA, criar uma vacina para o coronavírus. Como a empresa já tinha parceiras com a Pfizer, foi fácil fazer o contato e botar o imunizante na rua, para os primeiros testes clínicos. É graças a empreendedores e inovadores como esses que em pouco tempo estaremos livres do coronavírus.
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