Mais de 80 países lembram centenário da 1ª Guerra Mundial na Bélgica

  • Por Agencia EFE
  • 04/08/2014 12h22

Rosa Jiménez.

Liège (Bélgica), 4 ago (EFE).- Mais de 80 delegações internacionais, inclusive algumas lideradas por seus chefes de Estado ou de governo, lembraram nesta segunda-feira em Liège, situada ao leste da Bélgica, o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, uma cerimônia solene que homenageou os soldados caídos e também a reconciliação da Europa.

A presença do presidente da França, François Hollande, ou dos duques de Cambridge, assim como a do presidente da Alemanha, Joachim Gauck, ou do chanceler da Áustria, Heinz Fischer, serviu para encenar a reconciliação do continente europeu na cerimônia.

Os reis belgas, Filipe e Matilde, receberam os convidados no bairro militar de San Lorenzo em Liège, de onde seguiram em direção ao Memorial dos Aliados, palco principal da comemoração.

O monumento, constituído pela igreja do Sagrado Coração e situado no alto da colina de Cointe, começou a ser construído em 1925 com contribuições nacionais dos aliados em homenagem aos “defensores de Liège”.

Em cerimônia centrada na lembrança e na reconciliação, na qual projeções ilustraram com imagens os horrores sofridos pela população na chamada Grande Guerra (1914-1918), o rei Filipe da Bélgica assinalou que a guerra “acabou unindo todos os povos no sofrimento”.

“Esta comemoração é indispensável para construir um futuro melhor”, disse o monarca, que ressaltou que “a Europa pacificada, unificada e democrática que seus avôs sonhavam é a mesma de hoje”.

“Não esquecemos que a população civil pagou um duro tributo ao heroísmo dos soldados”, disse o presidente da França, Fraçois Hollande, que também destacou que em outra cidade belga, Ypres, armas químicas foram utilizadas.

O presidente francês também lembrou que outros conflitos como os do Iraque, Síria ou Gaza seguem desestabilizando o mundo. Neste aspecto, Holande pediu aos governantes presentes “assumir suas responsabilidades” e não “simplesmente evocar o culto da memória”.

Por sua parte, o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, disse que “nada poderia justificar” a invasão iniciada por seu país em 1914 e muito menos o “horror” gerado pelos ataques.

Felizmente, disse Gauck, “vivemos já há muito tempo em uma Europa de paz, e a União Europeia (UE) é uma conquista de civilização que não deve ser menosprezada”.

O príncipe William da Inglaterra também prestou homenagem ao povo belga, “cuja resistência se mostrou comparável ao sofrimento” de enfrentar os primeiros ataques do Exército alemão, e assegurou que seus “sacrifícios e contribuições para vitória final teve uma importância capital”.

O príncipe afirmou que na Europa ainda há conflitos, como o da Ucrânia, que mostram “que a desestabilização segue ameaçando nosso continente”, embora tenha assinalou que “o fato dos presidentes estarem representando a Alemanha e a Áustria hoje mostra a força da reconciliação”.

Por último, o primeiro-ministro belga, Elio di Rupo, ressaltou que, apesar das profundas mudanças registradas no continente europeu nos últimos 100 anos, ainda lhe preocupa ver “tensões se reanimarem no seio da Europa” motivadas pela crise econômica ou pelo “êxito de movimentos extremistas e antieuropeos”.

No Memorial, os presentes depositaram uma rosa branca em uma coroa que, após uma salva de dois tiros de canhão, foi colocada pelo rei dos belgas no monumento, momento em que todos guardaram um minuto de silêncio.

Na sequência, antes do hino europeu selar o fim da cerimônia, que teve continuidade com um almoço de honra no Palácio Provincial dos Príncipes Bispos de Liège, uma menina vestida de branco marcou o lançamento de sete balões, ato que foi acompanhado por outra salva de doze tiros.

Na parte da tarde está previsto que os duques de Cambridge, William e Kate, marquem presença em outra comemoração no cemitério militar de Saint-Symphorien, nos arredores de Mons (sul), onde morreram o primeiro e o último dos soldados britânicos falecidos no conflito. O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, acompanhará o casal real.

O Exército alemão violou a neutralidade da Bélgica e iniciou sua invasão no dia 4 de agosto de 1914, atitude que desencadeou uma disputa em Liège na qual os belgas mostraram resistência e permitiram a reorganização tanto da França como do Reino Unido. EFE

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