Manifestação histórica expressa com emoção a dor de Paris

  • Por Agencia EFE
  • 11/01/2015 18h09
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Patricia Souza.

Paris, 11 jan (EFE).- Mais de um milhão de pessoas lotaram neste domingo as ruas de Paris, em uma manifestação inédita e cheia de emoção que, frequentemente entre aplausos, reivindicou a liberdade de expressão e a tolerância frente ao extremismo.

Durante horas, Paris se transformou na capital do mundo, com a presença de quase 50 líderes políticos estrangeiros que lideraram a marcha, e milhares de cidadãos anônimos que expressaram a comoção pelos atentados jihadistas desta semana na França, seja em silêncio, com cartazes ou cantando a Marselhesa, hino do país.

Foi uma grande e histórica homenagem, de franceses de todas as comunidades, aos 17 mortos nos ataques, com predomínio das mensagens “Eu sou Charlie”, o lema popularizado na internet em homenagem as 12 vítimas do massacre da revista “Charlie Hebdo” nesta quarta-feira.

Junto a bandeiras francesas, as pessoas levavam cartazes escritos “Eu sou Charlie, sou policial, sou árabe, sou judeu, sou francês” nesta “marcha republicana” como vem sendo chamada, pois os ataques terroristas tiveram como alvo jornalistas, policiais e membros da comunidade judaica francesa.

Entre impressionantes medidas de segurança e a proteção de 2.200 policiais, a manifestação reivindicou os valores da república francesa, como a liberdade de expressão, a tolerância e a democracia, segundo explicaram à Agência Efe muitos participantes, que não lembravam de uma concentração semelhante em décadas.

“Toda esta gente é algo extraordinário. Chega aos nossos corações e mostra que a França é um país muito democrático. Que tantos países tenham se juntado a nós é também algo formidável”, disse Didier Krentowski, um veterano das manifestações dos anos 60.

“Paris é hoje a capital do mundo”, disse o presidente francês, François Hollande, que garantia que “o país inteiro” iria “participar durante esta jornada” para expressar a dor da sociedade.

Em um gesto sem precedentes, Hollande liderou a marcha junto a quase 50 chefes de Estado e de governo que, durante apenas 200 metros, caminharam atrás dos familiares das vítimas dos atentados, que levavam faixas na cabeça com a inscrição “Charlie”.

Prova do caráter único desta manifestação foi que caminharam a poucos metros de distância o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, ao lado de líderes europeus.

Após a saída dos líderes internacionais rumo ao Palácio do Eliseu, Hollande, um presidente pouco popular que, no entanto, foi aplaudido ao longo do percurso, deu um emocionado abraço no médico e colaborador da revista “Charlie Hebdo” Patrick Pelloux, que atendeu alguns de seus companheiros e amigos após o massacre da quarta-feira.

Também participaram da manifestação os principais líderes das comunidades muçulmana e judaica da França, que somam cinco milhões e meio milhão de pessoas, respectivamente.

O Ministério do Interior da França ainda não informou os números oficiais da manifestação de Paris, mas disse que não há precedentes.

No entanto, o coordenador do Partido Socialista, François Lamy, assegurou que entre 1,3 e 1,5 milhão de pessoas estiveram presentes, número que coincide com as estimativas dos principais meios de comunicação do país, que falam em mais de um milhão de participantes na capital.

Além da marcha de Paris, manifestações foram realizadas em muitas outras cidades francesas, que reuniram no total outro milhão de pessoas, segundo a imprensa local. EFE

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