Metade do Congresso Nacional tem parentes na política; é jeito de “dar uma banana” à Lei da Ficha Limpa

  • Por Jovem Pan - Brasília
  • 05/06/2014 14h25
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Rodolfo Stuckert/Divulgação Congresso Nacional Brasileiro

No Jornal da Manhã desta quinta-feira, o comentarista político direto de Brasília, Fernando Rodrigues, comentou as frequentes entrevistas que a presidente Dilma Rousseff têm dado a canais de televisão e da alta quantidade de parentes de políticos nas regiões do Brasil.

“Entrevistas postiças”

Rodrigues contou que o Palácio do Planalto só aceita conceder a presidente do Brasil para dar entrevistas se o assunto principal for Copa do Mundo. A imposição prévia do Palácio do Planalto “é mais uma demonstração de como a presidente da República é refratária ao contraditório”, avalia o comentarista Jovem Pan.

O tema obrigatório do evento esportivo contrasta com o mau momento econômico no país, de baixo crescimento e alta da inflação, a insatisfação difusa entre os brasileiros (mais de 70% desejam mudanças na forma de governar o País), e os escândalos que envolvem a maior empresa da nação, a Petrobras. Estes seriam assuntos óbvios de perguntas à líder da República.

Rodrigues ressalta, entretanto, que Dilma “começou de fato a fazer o que não fazia há muito tempo: dar entrevistas”. Na terça falou à Bandeirantes, na quarta ao SBT, e já há entrevista programada para a TV Record.

É uma situação surrealista, diz Fernando. Nessas conversas, Dilma conta que é supersticiosa, vai torcer muito pela seleção, bate na madeira,… “Tenha dó! A presidente nitidamente quer aparecer pois esse é um ano eleitoral”, avalia Rodrigues.

São feitas, na verdade, “entrevistas postiças”, uma vez que “entrevistadores não estão liberados para perguntar o que importa”. É patético para a presidente e para as emissoras, que não avisam os telespectadores.

Metade do congresso é formada por parente de políticos

Estudo divulgado pela ONG Transparência Brasil mostra que 44% dos deputados federais e 64% dos senadores são parentes de outros políticos, que já ocuparam outros cargos eletivos.

É um fenômeno disseminado por todos os partidos e regiões. Fernando Rodrigues classifica como “doença”. Entre os menores de 30 anos, os mais jovens, a taxa dos que são parentes de políticos é ainda maior, de 78%.

Este é um fenômeno que ocorre principalmente no nordeste. Na região, 60% dos deputados e 70% dos senadores têm parentes no ramo.

Um fato que comprova, porém, que a situação não é exclusiva do nordeste é que no sul, região onde isso menos acontece, 34% dos deputados e 56% dos senadores são parentes de políticos ou ex-políticos, um número ainda altíssimo.

O partido que mais tem deputados com parentes políticos é o Democratas, antigo PFL, antiga ARENA, partido da Ditadura Militar no passado.

“No fundo o que está acontecendo é que muitos políticos encrencados na Justiça estão dando um jeito de “dar uma banana” para a lei da Ficha Limpa e colocando em seus lugares os parentes”, explica Fernando Rodrigues. “O papai não pode ser mais eleito, não tem problema: vai colocar o filhinho lá na Câmara dos Deputados”, exemplifica.

“Vai caber a todos nós, eleitores, neste ano, fiscalizar esse tipo de situação nas eleições de outubro”, conclui o comentarista da Pan.

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