Ministro alemão pede que “Pegida” desconvoque passeata islamofóbica de 2ª
Berlim, 11 jan (EFE).- O ministro de Justiça da Alemanha, Heiko Maas, pressionou neste domingo o movimento “Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente” (Pegida) a desconvocar sua manifestação silenciosa marcada para esta segunda-feira e que pretende ser de luto pelas vítimas da revista francesa “Charlie Hebdo”.
“Se têm um pingo de decência, deveriam desconvocar sua manifestação”, apontou Maas, do Partido Social-Democrata (SPD), em declarações que serão divulgadas amanhã pelo jornal “Bild”, e antecipadas hoje.
O ministro alemão classificou de “repugnante” que esse movimento pretenda instrumentalizar o “atroz atentado” contra a revista e lembrou que a própria Pegida acusava uma semana atrás a imprensa de assédio e de difamar o movimento.
Pegida convocou para amanhã sua 12ª manifestação por Dresden, a cidade onde se originou esse movimento e onde foram crescendo essas convocações, até alcançarem o número de 18 mil seguidores, uma semana atrás.
Nesta ocasião pediu em sua conta no Facebook que levem papeis negros pelas vítimas de “Charlie Hebdo”, um atentado que, segundo uma mensagem dos líderes do movimento, reforça suas advertências contra o islã.
Cerca de 35 mil manifestantes, segundo números das autoridades de Dresden, se somaram ontem à manifestação convocada pela capital do estado federado da Saxônia a favor da tolerância e em resposta às passeatas de cada segunda-feira do Pegida.
A manifestação, liderada pelo primeiro-ministro do “Land”, o conservador Stalislaw Tillich, passou pela Frauenkirche, a igreja mais emblemática de Dresden, destruída pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial e reconstruída com donativos de todo o mundo.
“Não deixaremos que o ódio nos divida”, era o lema da passeata, expressão de rejeição da população ao Pegida.
Foi a maior mobilização até agora na Alemanha contra desse movimento islamofóbico, seguida por outras em várias cidades do país.
A comoção após o atentado de Paris multiplicou, por um lado, as convocações contra a islamofobia e, por outro, as advertências do Pegida de que o Islã é uma ameaça.
O Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha chamou os partidos do espectro parlamentar a apoiar sua concentração, na próxima terça-feira, diante do Portão de Brandemburgo de Berlim.
A chanceler Angela Merkel, quem este domingo participa da manifestação de Paris com vários de seus ministros, garantiu o respaldo da União Democrata-Cristã (CDU) à convocação do coletivo muçulmano.
Em sentido parecido se pronunciou a direção das principais formações políticas, tanto o governante Partido Social-Democrata (SPD) como os opositores Verdes. EFE
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