Ministro indiano anuncia centro para curar gays, é criticado e volta atrás

  • Por Agencia EFE
  • 13/01/2015 13h48

Nova Délhi, 13 jan (EFE).- O ministro regional indiano que anunciou a criação de um centro para jovens homossexuais voltarem a ser “normais” disse que suas palavras foram “erroneamente citadas”, após receber diversas críticas.

O titular de Esportes e Juventude do estado ocidental de Goa, Ramesh Tawadkar, assegurou em declarações aos meios de comunicação que quando ontem mencionou a abertura do centro, falava de jovens drogados ou que sofreram abusos sexuais, não da comunidade LGBT (lésbica, gay, bissexual e transsexual), segundo publica a agência local “Ians”.

O chefe do Executivo de Goa, Lakshmikant Parsekar, negou hoje a existência de políticas governamentais destinadas a “normalizar” o coletivo de LGBT e argumentou que as palavras de seu ministro de Juventude poderiam ser fruto da “ignorância”.

“O homossexualismo é um dom natural”, sentenciou Parsekar em declarações recolhidas pelo canal “NDTV”, um dia depois que Tawdkar anunciou a criação de um centro similar aos Alcoólicos Anônimos no qual, disse, também seriam dados “remédios”.

As palavras do ministro, pertencente ao BJP, partido do primeiro-ministro, Narendra Modi, também suscitaram reprovações entre os ativistas a favor dos direitos dos homossexuais.

O organizador do festival gay Nigah Queer, Gautam Bhan, qualificou à Agência Efe o anúncio realizado pelo ministro de Goa de “infeliz e sem nenhum rigor cientista”.

A consideração do homossexualismo como uma doença vai contra a visão das instituições indianas, como a Sociedade Índia de Psiquiatria, concretizou Bhan.

“Esperamos mais de um governo que fala tão alto sobre uma Índia nova e moderna, aquela não pode ser atingida sem respeito básico a todos os cidadãos”, criticou o ativista.

A Índia ilegalizou em dezembro de 2013 as relações entre homossexuais, quatro anos depois que foram despenalizadas.

Em discurso ontem em Nova Délhi, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu que as leis que criminalizam relações pactuadas entre adultos do mesmo sexo “violam os direitos básicos à privacidade e à não discriminação”.

Ban se declarou “orgulhoso” de reivindicar a igualdade de todas as pessoas, incluindo “aquelas que são lésbicas, gays, bissexuais e transexuais”.

Apesar de em 2014 a Corte Suprema indiana reconhecer os transsexuais como um terceiro gênero diferente ao masculino e feminino, a comunidade LGBT segue sofrendo uma grande discriminação no país. EFE

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