Monumento que lembra vítimas de expurgos de Stálin ganha pedra fundamental
Moscou, 8 ago (EFE).- A pedra fundamental do monumento em homenagem às vítimas dos expurgos stalinistas de 1937 e 1938 foi colocada neste sábado em Butovo, cidade que fica nos arredores de Moscou e onde foram executadas mais de 20 mil pessoas.
“O jardim da memória”, nome do monumento comemorativo, consistirá em duas fileiras de blocos onde serão gravados os nomes dos 20.760 executados pela NKVD, a polícia política stalinista precursora da KGB.
Também será instalado um sino da lembrança, que se somará à enorme cruz de madeira consagrada em 2007, já que muitos dos enterrados nessa cidade foram fuzilados por suas crenças religiosas.
Segundo os organizadores do ato, que teve a presença de familiares, autoridades, ativistas de direitos humanos e diplomatas, o monumento será um lugar de silêncio e reflexão sobre as tragédias do século XX.
“Em 8 de agosto de 1937, neste mesmo local, foi cometido o primeiro fuzilamento em massa. Foram executadas 91 pessoas”, disse Igor Garkavi, diretor do memorial que existe em Butovo, segundo a imprensa local.
Garkavi lembrou que as vítimas foram privadas de julgamento e de enterro, por isso o monumento lhes prestará uma merecida homenagem, como tinha sido solicitado pelos familiares desde a desintegração soviética em 1991.
Por sua vez, representantes da Igreja Ortodoxa Russa pediram aos presentes para que lembrassem de todas as vítimas, independentemente de sua procedência e religião.
Historiadores conseguiram identificar 20.760 pessoas mortas em Butovo durante o Grande Expurgo, incluindo mil sacerdotes e fiéis que foram executados por não terem renunciado à religião. Segundo a imprensa local, 323 desses mártires foram canonizados pela Igreja.
Em 2007, durante uma visita a Butovo, o presidente russo, Vladimir Putin, se uniu pela primera vez à condenação das repressões políticas soviéticas, que tiveram aproximadamente 30 milhões de pessoas.
“A magnitude foi colossal, foram exterminadas dezenas de milhares, milhões de pessoas. Sobretudo, gente com ideias próprias, aqueles que não temiam expressá-las em público”, afirmou ele na ocasião.
A repressão política foi especialmente terrível durante a era Stalin (1922-1953), mas não foi interrompida após sua morte, apesar da anistia geral decretada pelo Partido Comunista da União Soviética (PCUS). EFE
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