Negociação nuclear decisiva com o Irã começa amanhã em Viena

  • Por Agencia EFE
  • 17/11/2014 17h38
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Viena, 17 nov (EFE).- Viena recebe a partir de amanhã, terça-feira, a última e provavelmente decisiva rodada negociadora sobre o polêmico programa nuclear do Irã, com a qual a comunidade internacional pretende pôr fim a uma longa década de disputa.

Sob a coordenação da antiga responsável de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, e do ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammed Yavad Zarif, as partes buscarão um acordo até o dia 24 de novembro.

Nesse dia vence o prazo limite estipulado pelo denominado Grupo 5+1 (as cinco potências do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido – mais a Alemanha) para conseguir um acordo com a República Islâmica.

No centro das negociações, às quais devem comparecer nos próximos dias também os ministros das Relações Exteriores do grupo internacional, está o polêmico programa de enriquecimento de urânio, um material de uso civil, mas também militar.

Enquanto o Irã exige manter seu programa de urânio enriquecido, o G5+1 pretende limitar ao máximo sua produção.

Dessa forma, pretendem garantir que o Irã não possa, no curto prazo, ter o combustível para a construção de uma arma nuclear, se Teerã decidisse dar esse passo.

Quanto à produção de plutônio, outro elemento que tem aplicações militares, parece haver um acordo que prevê mudanças na usina de água pesada de Arak, que tem capacidade de produzir esse material nuclear.

Outro problema é a eliminação das sanções internacionais, que o Irã quer ver suspensas o mais rápido possível após a assinatura de um possível acordo, enquanto as potências exigem primeiro que se inicie o estipulado.

Além disso, ainda não se esclareceu a incógnita sobre possíveis experimentos nucleares com fins militares no Irã no passado.

A Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) tenta esclarecer essas supostas atividades passadas, embora seus inspetores sigam sem ter certezas a respeito perante a falta de cooperação plena por parte do Irã.

Apesar de seguir havendo importantes diferenças entre as partes, um diplomata europeu expressou na semana passada à imprensa sua esperança que se possa assinar antes de 24 de novembro um acordo marco, pendente de mais conversas técnicas.

A comunidade internacional teme que, sob o guarda-chuva de um suposto programa civil, o Irã tenha intenções de obter material e conhecimentos para fabricar bombas nucleares.

O governo da República Islâmica nega ter tais intenções e destaca que só quer produzir energia elétrica e investigar aplicações científicas e médicas.

O litigio nuclear com o Irã começou há quase 12 anos com a descoberta de um amplo programa nuclear clandestino e esteve sempre sob a sombra de um possível ataque militar dos Estados Unidos e Israel para “neutralizar” seu programa atômico.

De fato, o governo israelense segue advertindo do perigo de um acordo com o Irã, cujo líder político e espiritual, Ali Khamenei, apresentou na semana passada um plano para “eliminar” Israel.

As negociações de Viena começaram no último mês de janeiro, após a assinatura no novembro anterior de um acordo prévio em Genebra segundo o qual o Irã suspendeu alguns aspectos-chave de seu programa nuclear em troca de uma suspensão parcial e temporária de sanções. EFE

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